Com o título de Nossa Senhora da Purificação, a cidade de Saboeiro, irá celebrar sua padroeira, no dia 02 de fevereiro. A bela igreja paroquial foi erigida há mais de 200 anos, em estilo rococó, próprio do século 18. Ano passado, a imagem de Nossa Senhora de 15 metros, esculpida pelo artista plástico da região, Pedro Pereira da Silva, foi abençoada pelo bispo e inaugurada com as presenças do governador, do prefeito, do pároco e do artista citado. Domina a cidade desde seu pedestal.
A liturgia da festa nos remonta a Moisés, o legislador. Ordenara que a mulher, após o parto permanecesse, temporariamente, em um estado de impureza cúltica, isto é, ficasse reclusa e proibida de tocar tudo que fosse consagrado a Deus. Quarenta dias após, sendo filho, e oitenta dias, se fosse filha, a genitora teria que levar uma ovelha para ofertar no templo. No entanto, se fosse pobre, bastavam duas pombas ou rolinhas como levou Maria.
Na liturgia renovada, após o Concílio Vaticano II, retoma-se a dimensão cristocêntrica da festa, intitulando-a de Apresentação do Senhor. Está mais de acordo. Com efeito, alguns biblistas afirmam ser o propósito do texto de Lucas a apresentação do Menino no templo (Lc 2,22-40) e que a purificação de Maria serve apenas de pretexto, isto é, aceno prévio. Contudo, a presença de Maria é indispensável, pois sendo a mãe é ela quem apresenta o Menino
Ela é ressaltada, seja no ato presente de apresentar e de oferecer, seja no futuro, mediante a profecia do seu coração traspassado pela espada da dor, devido ao Filho tornar-se objeto de contradição, isto é, motivo de ruína e de salvação. Em ambos os casos, é presença ativa ou oferente.
Ao entrar no templo, Maria carrega nos braços o Menino Jesus que Simeão chamará de Luz das nações e glória de Israel. Pelas mãos do sacerdote, ela oferecerá seu filho a Deus e o resgatará por cinco moedas, recebendo-o de volta em seus braços. Este resgate é ocasião propícia para lembrar-nos que Jesus é o santo, consagrado a Deus desde o nascimento, pelo poder do Espírito Santo (cf. Lc 1, 35). Seu lugar é o templo onde Ele entra. Aí é revelado pelo profeta Simeão o qual constata que agora pode partir em paz. Não desejaria ver mais nada no mundo, depois de ter contemplado a luz do Salvador.
Expressiva e coerente com o sentido da festa, a imagem de Nossa Senhora da Purificação traz o Menino nos braços e a vela na mão. É idêntica à que representa Maria com o título de Nossa Senhora da Luz ou das Candeias ou da Candelária ou Lampadosa. A simbologia é evidente: o Menino é a luz; Maria é a portadora da luz. Também é iluminada. Por isso, ilumina.
É dia de bênção e de procissão das velas. Deste modo, a simbologia dos ritos serve para esclarecer nossa missão: Nós somos luz no Senhor para o mundo.
Quanto aos idosos, Simeão e Ana, são duas personalidades representativas do Antigo Testamento. Simbolizam a expectativa messiânica, o cumprimento da lei, a realização da promessa. Os velhos reconhecem e aceitam o novo na Criança que chega. Jesus é a novidade que irrompe na história, tal como a luz que invade e dissipa as trevas.
A profetiza Ana, em particular, representa a verdadeira alegria, bem ao gosto do evangelista Lucas. Em seus 84 anos de vida, transborda de contentamento juvenil, louvando a Deus e falando do Menino.