ANO MARIANO

Para comemorar os 300 anos da descoberta da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, celebraremos um Ano Mariano por decisão da Assembleia Geral dos Bispos do Brasil.

Inicia-se no próximo dia 12 de outubro de 2016 e concluir-se-á em 12 de outubro de 2017. Em Aparecida e em todo o Brasil católico, haverá programação intensiva de homenagens à Mãe do Redentor. Há que se promover na Igreja Diocesana de Iguatu eventos marianos, inclusive de estudos, sobretudo nas paróquias e comunidades em que Maria, em seus diversos títulos, é honrada como padroeira. No próximo ano de 2017, as várias comunidades e capelas que têm como titular Nossa Senhora Aparecida, nos distritos e sítios, realizarão a novena e a festa com mais primor e melhor preparação.

A Igreja no Brasil sabe que é bem mais do que celebrar a descoberta da imagem. Celebram-se 300 anos de encontro com a Mãe de Jesus a responder as dificuldades de seus filhos e filhas, à semelhança das bodas de Caná quando faltara o vinho. Ela, solícita, anteciparia o primeiro sinal de Jesus: “Eles não têm mais vinho”. Semelhantemente, entende-se a pesca abundante, após a escassez do pescado e o esforço inútil da comunidade de pescadores: João Alves, Felipe Pedroso, Domingos Garcia.

Ela é quem providenciou a descoberta de sua imagem, no rio Paraíba do Sul para sinalizar a abundância apesar da carência e, especialmente, a possível reconstrução social da pátria, bastante dividida e desigual. Une no simbolismo da cabeça separada do corpo da imagem e na negritude da cor a diversidade étnica e cultural de tantos povos em um só. São 300 anos de relevância de tais simbolismos pedagógicos.

Para a casa de Francisco Pedroso e do seu oratório, pequeno como a imagem que nele foi colocada, ocorreu grande afluxo de peregrinos, progressiva e rapidamente. Aos poucos aconteceu o processo: Do simples oratório à construção embelezada da igreja antiga que permanece no alto; em baixo, a basílica nova, recentemente ornada de ampla simbologia, espaçosa para receber cerca de seis milhões de peregrinos, anualmente. A diversidade arquitetônica das igrejas, a velha e a nova, descreve a história de séculos de fé, de fidelidade, de gratidão, de criatividade, de idealismo e de empreendimento.

Além dos aspectos abordados, existe o da peregrinação, isto é, o significado da imagem para tantas gerações diferentes de brasileiros que se deslocam para contemplá-la e venerá-la. São 300 anos de romaria ininterrupta. Trata-se da história humana de uma peregrinação eclesial constante cujas raízes se renovam nas fontes da piedade popular católica. Isto é maravilhoso aos nossos olhos, ainda hoje.

Há elementos objetivos, comuns ao itinerário da peregrinação católica: a celebração eucarística e a meditação da via-sacra ou do rosário e até as confissões sacramentais com a assistência benemérita dos padres redentoristas. Reconhece-se por tais práticas o encontro com Jesus, filho de Maria. Não poderia ser de outra forma, pois a Mãe leva ao Filho.

No entanto, a peregrinação possui igualmente o elemento subjetivo, traços pessoais imprescindíveis. O pessoal alia-se ao comunitário e eclesial, quase sempre paroquial ou representativo de uma associação ou de um movimento, entre outros. Aqui ocorre claros sinais de brasilidade, o peculiar do nosso povo: a maneira de rezar, o modo de cantar, o jeito de pagar promessa, a fé abrasileirada.

Se antigamente, organizava-se, de preferência, a ida e a vinda de trem. Hoje, tudo se faz de ônibus a modo de excursão. Mesmo quem vai com seu carro, em geral traz consigo o que tem de mais caro, a própria família. Assim, várias gerações se encontram em Aparecida, acolhidas no colo ou no manto da Mãe de todos: crianças, jovens, adultos, idosos. O comunitário e o nacional falam mais do que o estritamente pessoal. A Nação e a Igreja se encontram ali.

Em 1929, o episcopado nacional pediu ao Papa Pio XI e ele atendeu, declarando, em 16 de julho de 1930, Nossa Senhora Aparecida, a Padroeira Principal do Brasil. Pedido muito acertado. O Papa reconheceu o fato: em centenas de anos, a Nação Brasileira experimenta a presença materna e patronal de Maria, Mãe de Jesus e nossa. Portanto, é a Padroeira. Além do mais é Senhora e Rainha nossa.

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