EM BELÉM DO PARÁ

Os Congressos Eucarísticos Internacionais se originaram no contexto social e cultural da França, no fim do século XIX, por influência de fiéis leigos apoiados pelo clero.

Serviram de resposta a duas dificuldades postas à Igreja da época: o laicismo militante que queria eliminar a presença católica na vida pública e o jansenismo com as exigências de santidade a afastar as pessoas da comunhão eucarística. A primeira persiste ou ressurge em formas de implicância contra a manifestação pública da fé católica, inclusive o crucifixo e imagens. A segunda foi eliminada, pois só dependia de nós. Reaprendemos que não existe a Eucaristia de puros para a Igreja de puros. Esta idealização eucarística esquecia que Jesus veio para doentes e pecadores. Embora deva ser recebido em estado de graça, Ele é alimento e saúde para doentes e indignos. Aliás, quem é digno de recebe-lo?

Ferdinand Pratzner constata que “através de sua história, os Congressos Eucarísticos Internacionais mostram a prática da Igreja relativamente à Eucaristia: são o reflexo da vida eucarística de cada época”. O mesmo nós podemos dizer dos Congressos Nacionais, pois, eles foram realizados no Brasil motivados pelos Internacionais, feitos com o espírito do tempo. Por isso, a mentalidade de cada época ajuda-nos a compreender as mudanças.

Com a renovação conciliar cujo objetivo era, sobretudo, de voltar às fontes da Bíblia e da Tradição, os Congressos mudaram de estilo. Abriram-se à necessidade da evangelização e da presença da Igreja em diálogo com o mundo. Daí, no Brasil, a elaboração do “texto-base” para preparar as paróquias e as comunidades aos encontros de estudo, reflexão e oração. Facilita o conhecimento do mistério da Eucaristia em todos os aspectos: bíblico, eclesial, sacramental, espiritual, litúrgico, pastoral, social, ecumênico e ecológico. Não só devocional.

O tema do atual Congresso Eucarístico, em Belém, de 15 a 21 de agosto, ecoa como convite, desafio e compromisso: “Eucaristia e partilha na Amazônia missionária”. O lema é motivador e parte da experiência dos discípulos de Emaús: “Eles o reconheceram no partir do pão”. Na realidade, é a retomada, em parte, da Campanha da Fraternidade. Põe a Amazônia legal diante dos olhos da Igreja. Os católicos brasileiros para lá se encaminham e se encontram, tendo como centro luminoso: Jesus Cristo. Ele nos precede em Belém!

O padroeiro dos Congressos Eucarísticos e das Confrarias do Santíssimo Sacramento é São Pascoal Bailão cuja festa é celebrada no dia 17 de maio. Frade franciscano, irmão leigo, camponês de nascimento, se distinguiu pelo amor à Eucaristia. Passava longas horas diante do sacrário, ajoelhado e sem se apoiar, com as mãos entrelaçadas e encostadas na fronte ou elevadas. Nos tempos livres, visitava o Santíssimo. Apreciava ajudar as missas como acólito a começar das primeiras. Muitas vezes era encontrado no coro, de madrugada, ajoelhado em adoração. Tal piedoso comportamento causara viva impressão no convento.

O exemplo do santo é estímulo à adoração eucarística, pois um Congresso, enquanto ato público e solene, supõe as atitudes pessoais de devoção ao Sacramento. A propósito, Bento XVI nos disse: “ O ato de adoração fora da Santa Missa prolonga e intensifica aquilo que se fez na própria celebração litúrgica. Somente na adoração pode maturar um acolhimento profundo e verdadeiro” (SC, n. 66). Portanto, a expressão pública de adoração, no Congresso Eucarístico Nacional, será fruto do acolhimento pessoal, amadurecido pelos fieis, em nossas Comunidades, espalhadas no imenso e variado Brasil, inclusive na fiel Diocese de Iguatu. Aqueles que ficam adoram o Senhor em união com os que vão. Todos, em espírito, congregados e com os olhos fixados no Pão partido-repartido, em Belém do Pará.

Deixe um comentário