Vigilância na primeira semana do Advento. Consolação na segunda. Alegria na terceira semana de nossa preparação para o Natal. O Senhor é portador da alegria plena. Ela traz consigo a felicidade e dá sentido à nossa existência. Os pobres de coração a recebem e apreciam-na. Tornam-se agradecidos.
A antífona da eucaristia dominical serve de introdução à temática: “Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo, alegrai-vos! O Senhor está perto” (Fl 4, 4 s). Refere-se ao específico da alegria cristã e à proximidade da segunda vinda de Jesus.
Quanto ao Trito-Isaías, em tom poético de rara beleza, descreve a missão do profeta- servidor, ungido pelo Espírito de Deus, para anunciar aos pobres ou humildes de coração a alegre notícia da salvação, a cura das feridas da alma, a redenção dos cativos, a liberdade dos prisioneiros, o tempo da graça do Senhor (Is 61, 1-2). É mensagem de consolação e alegria.
O profeta, estreitado intimamente com a mensagem, exulta de alegria no Senhor. Agradecida, sua alma regozija-se em Deus. Entusiasmado, percebe-se revestido com as vestes da salvação, envolvido com o manto da justiça e adornado como noivo com sua coroa ou uma noiva com suas joias (v. 10). Seu contentamento brota de dentro para fora –das profundezas da alma- então, expressa-se com roupas festivas. É a rara coerência do existir com o ser.
Deus fará germinar a justiça e sua glória diante de todas as nações ao tirar seus pobres indefesos do sofrimento do exílio (v. 11). Ele é a causa da alegria dos que retornam, não mais cativos, mas libertos. Vale para todos os exilados da terra que só podem confiar em Deus.
Jesus se identificou com a mensagem profética da alegre notícia da salvação integral. Na sinagoga de Nazaré, após a leitura, esclareceu: “Hoje se cumpriu aos vossos ouvidos essa passagem da Escritura” (Lc 4, 21). Tornou-se acontecimento pelo anúncio do seu evangelho, por palavras e atos. A boa notícia chegou. Divulgou-se. O Reino de Deus se aproximou de nós através do ministério público de Jesus quando ensinava, consolava, curava, exorcizava, perdoava, libertava, salvava. Enfim, alegrava a muitos corações ao comunicar-se.
O cultivo da alegria é a exortação de Paulo (Ts 5,16). É fruto de uma comunidade agradecida e feliz que se expressa em ações de graças em todas as circunstâncias (v. 18). Pressupõe o encontro com Cristo e a oração incessante (v. 17) a intensificar os laços. Ao contrário, a perfídia do pecado é desfaze-los e, assim, roubar a alegria do coração. Ele nos afasta da felicidade. Alimenta a culpa e o remorso. Por isso, o apóstolo exorta: “Afastai-vos de toda espécie de maldade” (v. 22). O projeto de vida é a cooperação com a graça do “Deus da paz” (v. 23). Daí a assertiva: “Aquele que vos chamou é fiel; ele mesmo realizará isso” (v. 24).
Quanto à proclamação do Evangelho (Jo 1,6-8.19-28), João Batista é estimulado a identificar-se: “Quem és”? Reconhece-se na missão de estreita relação com o anúncio de Jesus, a luz dos homens. Considera-se “testemunha para dar testemunho da luz”. Tal identidade é reconhecida na missão de ser “a voz que clama no deserto: Aplainai o caminho do Senhor”. João anuncia aquele que vem e já está no meio deles. Porém, ainda é desconhecido.
O tempo litúrgico do Advento, ao estender o horizonte de Isaias ao alcance do anúncio feito pelo Batista, alarga ainda mais a perspectiva até o tempo da Igreja. Igreja que prepara caminhos e abre estradas. Facilitadora, torna Jesus conhecido no esplendor de sua luz.