CELEBRAR PENTECOSTES

São Lucas descreve, no relato de Pentecostes, vários elementos indicadores da união entre a Igreja, a Palavra e o Espírito.

Ela se expande no mundo, impulsionada pelo Espírito Santo, ao difundir a Palavra, criadora de comunidades vivas e missionárias. Os doze apóstolos, cujo número foi reconstituído com a eleição de Matias, juntamente com o primeiro núcleo comunitário, no qual se inclui a Mãe de Jesus, recebem o poder prometido por Ele: “Recebereis a força do Espírito que descerá sobre vós” (Atos 1,8). Nasce ou inaugura-se a Igreja de Jesus Cristo, a comunidade dos últimos tempos, conforme a linguagem dos profetas. Pela lista dos povos que compreendem o discurso de Pedro em sua própria língua (Atos 2,9-11), ela surge, diante do mundo, com a nota característica de sua catolicidade ou universalidade, mas também de sua unidade e apostolicidade. Ela tem como missão o universo inteiro dos povos e gentes, e em todos os tempos. Em Pentecostes, na força do Espírito e da Palavra por Ele ungida, realiza-se a conversão e o batismo dos primeiros, cerca de três mil pessoas (v.41). Segue-se, após algum tempo, um novo Pentecostes que precede o batismo dos primeiros gentios com sua inclusão na Igreja. Também sobre eles fora derramado previamente o dom do Espírito Santo (Atos 10,44-48). A partir da descida do Espírito sobre os apóstolos, é que eles, e até hoje a Igreja sem cessar, cumprem o mandato do Ressuscitado: “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem meus discípulos, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei” (Mateus 28,19-20). Celebra-se Pentecostes cinqüenta dias após a Páscoa porque o Espírito Santo é o dom pascal por excelência. Com efeito, a Redenção, realizada pelo Cristo, nos atinge mediante o Espírito, que se faz um conosco, com sua graça santificante, desde o batismo cuja missão é confirmada na crisma. Ele nos vem do Pai, pelo Filho, como nos garantiu Jesus: Rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito, para que convosco permaneça para sempre, o Espírito da Verdade, que o mundo não pode acolher, porque não o vê nem o conhece. “Vós o conheceis porque permanece convosco” (João 14,16-17). A habitação do Espírito em nós, faz do nosso ser templos da divindade. Daí a afirmação de Paulo: “esse templo sois vós” (1Coríntios 3,16). Na celebração de Pentecostes é oportuno expressar nosso amor à Igreja, à semelhança do amor de Cristo que por ela se entregou como seu Esposo. Quem ama cuida. Esta é a visão de Paulo:ninguém jamais quis mal à sua própria carne, antes a alimenta e dela cuida, como também faz Cristo com a Igreja, porque somos membros do seu Corpo (Efésios 5,29-30). Certamente, por isto Santo Agostinho afirmou com ousadia que possuímos o Espírito de Cristo na medida em que amamos a Igreja. Amar a Igreja com o amor de Cristo é amá-la no Espírito Santo. Segundo a expressão do mesmo Agostinho, o Espírito é o amor pessoal do Pai pelo Filho e vice-versa. Portanto, é no Amor Divino que nosso amor à Igreja atualiza a realidade de Pentecostes. Para anunciarmos a Palavra. Para sermos discípulos e missionários de Cristo. Para celebrarmos os sacramentos. Para perseverarmos na oração e no louvor. Para testemunharmos a fé, a caridade e a esperança. Para expressarmos os dons e os frutos do Espírito. Para edificarmos a Igreja. Para colaborarmos com Cristo e com Espírito na obra da salvação de todos. Para glorificarmos o Pai, nosso sumo bem.

Deixe um comentário