Deus expressa seu senhorio, abaixando a árvore alta e elevando a árvore baixa, secando a verde e brotando a seca (Ez 17, 24). A expressão, de início desconcertante, no entanto, comunica a promessa de um futuro novo para o qual o próprio Senhor intervirá: “digo e faço”. Trata-se do compromisso de fidelidade em refazer a história de Israel, apesar dos pesares do exílio babilônico: “Eu mesmo tirarei um galho da copa do cedro, do mais alto de seus ramos arrancarei um broto e o plantarei sobre um monte alto e elevado” (Ez 17, 22).
A promessa veiculada pelo profeta é clara. Diz sobre a restauração do reino e do povo oprimido, após o segundo exílio. A intervenção de Deus será recriadora, segundo a simbologia da simples, porém, sugestiva alegoria do agricultor. Ele planta um pequeno galho e observa seu crescimento. A pequenez traz consigo a possibilidade de uma grandeza. Basta esperar.
A gigantesca restauração conta apenas com a pequenez dos meios disponíveis. A pretensiosa reconstrução política e social implica não só um novo rei, difícil de encontrar, mas mudanças duras, em tempo ainda desfavorável de exílio e de opressão generalizada. Em síntese, é grande a provocação e enorme o estimulo para crer na intervenção e na providência divina. Deus fará!
Diante da situação, o profeta só pode investir na fidelidade do Deus da aliança. Ela injeta esperança: “Vou plantá-lo sobre o alto monte de Israel. Ele produzirá folhagem, dará frutos e se tornará um cedro majestoso. Debaixo dele pousarão todos os pássaros, à sombra de sua ramagem as aves farão ninhos” (v. 23). O profeta, homem de Deus, sabe levantar o ânimo.
A esperança contradiz a situação precária, própria do ano 597. Nabucodonosor havia deportado o rei Joaquim para a Babilônia. Sedecias foi posto no seu lugar. Este rompera com a aliança de Deus e com o próprio rei da Babilônia. Também será exilado: “ Estenderei sobre ele a minha rede e ele será apanhado nas malhas e conduzido por mim a Babilônia, onde o submeterei a julgamento em virtude de sua infidelidade para comigo” (v. 20). A esperança, portanto, só podia se firmar no comando forte de Deus para o futuro grandioso a ser construído.
Quanto ao anúncio do Reino de Deus, núcleo da mensagem de Jesus, é feito em parábolas que retomam ao seu modo o paradoxo da grandeza na pequenez. Deus se serve de meios pobres e simples para a realização de sua obra universal, valiosa e grandiosa.
Jesus compara o reinado de Deus ao agricultor que espalha a semente e ela germina por si mesma, crescendo enquanto ele dorme, e não sabe como acontece (Mc 4, 26-27). A semente tem uma força intrínseca de vitalidade e se as condições forem favoráveis, das sementinhas surgem uma colheita abundante (v. 29). Assim também acontece com o Reino.
O reinado divino se compara igualmente com o grão de mostarda, menor de todas as sementes. Entretanto, cresce e se torna maior que todas as hortaliças ao ponto de pássaros abrigarem-se à sua sombra (v. 30- 32). Assim acontecerá com a obra de Jesus, o Semeador da Palavra, pois tudo começara com enorme precariedade de meios, de recursos humanos, se considerarmos alguns dentre os escolhidos (ainda hoje é assim!). Deste modo, fica evidenciado que o Reino é obra de Deus e não dos homens. É ação da graça vitoriosa que investe na colaboração generosa das pessoas.
Quem crê na força do Reino contribui com a fé e adere à obra de Deus que é acreditar em Jesus, na sua missão salvadora, e segui-lo. Ele próprio é o Reino já acontecendo pela força dinâmica e renovadora do Espírito.
Homens e mulheres de fé são desafiados nas adversidades. Perceberão que tudo é conjetural ou circunstancial, exceto a fidelidade divina. Logo, o broto plantado no monte elevado são os crentes, agindo pela força da fé, do amor e da esperança, tão simples, porém, muito eficaz.