No último domingo de agosto, recordamos os catequistas com homenagens e orações. Só há motivos para agradecê-los. Eles exercem a missão de comunicar a fé, pela educação e a pedagogia de ensino e o testemunho alegre de vida. A catequese é a atividade constante e mais fecunda de divulgação dos ensinamentos de Cristo, na Igreja de todos os tempos. Coube majoritariamente aos fiéis leigos e leigas este apostolado vital, de sorte que a história da catequese coincide com a história da vida laical. Sobretudo, da mulher, a grande catequista.
A catequese é em si mesma comunicativa, pois é ecoante. Ela faz ecoar a fé viva. Consequentemente, é dialogante. Por isso, o Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, Documento da CNBB 99, em 2014, apresenta importantes atitudes comunicativas, ligadas ao catequista. Diz: “ a ação comunicativa do catequista deve levar em conta as habilidades e os procedimentos que possam facilitar e promover um diálogo que respeite os interlocutores, sejam crianças, jovens e adultos”. “Pressupõe abertura e acolhida ao outro, considerando-o em sua diversidade de visões do mundo, interesses e desejo de vivenciar sua fé” (n. 71).
Consequentemente, o diálogo catequético inclui o respeito pela alteridade, a diversidade e o pluralismo de pessoas e de situações. Requer metodologias plurais e constante revisão e avaliação. Talvez a catequese passou a ser mais laboriosa e mais exigente em sua pedagogia até porque os interlocutores de hoje se acostumaram às novas formas interativas e aos modernos instrumentos de comunicação social. Certamente, mais ambientados ao visual que ao auditivo.
Sendo dialógica, “a catequese necessita encontrar uma linguagem adaptada para cada idade e contexto social: estudantes, trabalhadores, intelectuais, analfabetos” (n. 72). Pode-se dizer que a linguagem mudou, porém, muito ainda precisa ser feito quanto à comunicação verbal, corporal e simbólica, inter-relacionadas e em consonância com a cultura. A catequese há de ser então inculturada, por um lado, e ser “parte da inculturação da fé”, por outro.
Também há de ser aplicada à catequese o aproveitamento das mídias e a prática edu-comunicativa. Para tanto, os catequistas precisam contar com recursos para a produção de narrativas variadas cuja temática são as mensagens de Jesus, dos Apóstolos, dos santos e santas. (n. 75). Não é fácil porque, além de recursos humanos, necessitarão de recursos de produção. Embora já exista muito material disponível nas editoras católicas, as paróquias e comunidades mais pobres têm dificuldade de aquisição, diferentemente dos colégios muito mais aparelhados.
Diante disso, muita coisa há de mudar. O Documento diz explicitamente: “ é importante que as paróquias contem com um ambiente dedicado à comunicação, que facilite o acesso de catequistas, catequizandos e agentes de pastoral a recursos impressos e audiovisuais de captação de sons e imagens para a utilização no anúncio da Boa Nova “ (n. 75). Não basta, pois, ter a tradicional e boa sala de aula ou de reunião, sempre imprescindível. Ela, sozinha, porém, não é instrumento a serviço da catequese comunicativa. Requer ser bem equipada.
O Documento não esquece das redes sociais nem poderia. Com efeito, elas “estão presentes na vida de grande parte dos catequizandos, são outra oportunidade de encontro e reflexão no processo catequético” (n. 76). Cita Bento XVI ao afirmar que a “natureza interativa das novas mídias facilita formas mais dinâmicas de aprendizagem e comunicação que contribuem para o progresso social” (Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, 2009). Assim sendo, quando utilizadas, temos mais dinamismo na aprendizagem e na comunicação da fé.
Os catequistas são eles mesmos transmissores da fé que professam. Na medida da coerência, podemos aplicar-lhes o termo referente ao profeta: “oráculo do Senhor”. De fato, a eles a palavra do Mestre pode ser aplicada: “quem vos ouve a mim ouve” (Lc 10,16). Sejam ouvidos, pois, e estimados porque falam em nome de Jesus, os voluntários e abnegados catequistas!