No domingo dentro da oitava das celebrações do Natal do Senhor, festejamos a Sagrada Família: Jesus, Maria e José. Ao nascer de Maria e ser acolhido por São Jose como filho, Jesus foi recebido em uma família humana. Assim, santificou todas as famílias. Aliás, foi Deus quem fez a família ao criar o casal humano: “Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou, homem e mulher ele os criou” (Gn 1,27) para que fossem fecundos (v.28).
A família está situada em um contexto social e religioso que pode ajudá-la a desenvolver-se ou pode desestimulá-la. Há algum tempo fala-se muito em crise familiar. Seja como for, as dificuldades existem e as superações igualmente. Por isso, embora o contexto da vivência da Sagrada Família seja muito diverso, Jesus e Maria e José podem inspirar as famílias cristãs a realizarem sua missão nas adversidades próprias do tempo presente.
O Natal de luz é também de sombras, se considerarmos o realismo da cena descrita por São Lucas. Descreve a viagem para o recenseamento, ocultando os incômodos. Podemos imaginar a cena: “Também José subiu da cidade de Nazaré… para Belém a fim de se inscrever com Maria, sua mulher, que estava grávida “ (2,4). Igualmente, as condições do nascimento são ocultadas. Apenas diz: “ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o com faixa e reclinou- numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na sala” (v.7). Quer dizer: Jesus precisou e contou com sua família para dele cuidar e proteger em situação adversa.
Maria e José eram religiosos e observantes. Por isso, levaram o Menino ao templo para apresenta-lo ao Senhor. Em meio à alegria, Maria ouviu uma profecia intrigante e de difícil compreensão: “Eis que este menino foi colocado para queda e para soerguimento de muitos em Israel, e como um sinal de contradição –e a ti, uma espada traspassará tua alma… (2,34-35). O futuro sofrimento haveria de comprometer a mãe, desde o momento atual.
Jesus também santificou a ação educativa dos pais, pois “era-lhes submisso” (2,51). Deste modo, viveu o mandamento de honrar pai e mãe em consonância com a tradição viva de sua gente, na obediência da escuta atenta e da observância amorosa.
No contexto da crise de autoridade ainda não superada, a Igreja responde com seu magistério sobre a família, com bons estímulos conjugais e familiares. Aliás, desde o século XX, nunca se escreveu tanto sobre o tema, sobretudo, Papas e as Conferências Episcopais.
Igualmente, a Pastoral de Noivos, a Pastoral Familiar, a preparação para o matrimônio, os Movimentos Conjugais e Familiares se tornaram uma fonte de respostas, ainda que parciais, para os questionamentos modernos, favorecendo a vivência de casais e entre pais e filhos. O Encontro Mundial do Papa com as Famílias, iniciativa de São João Paulo II, se insere nesta dinâmica dos estímulos.
Por tudo isto que existe de bom e de belo, agradeçamos ao Espírito Santo por acender na Igreja de Cristo a renovação da “alegria do amor”, como afirma o Papa Francisco. Amor que tem início na ternura dos cônjuges e passa pela amizade dos filhos e irmãos entre si.
Ao pedir por nossas famílias à Sagrada Família de Nazaré, agradecemos e felicitamos todos que fazem do próprio lar a vivência da Igreja doméstica, no amor comprometido que edifica a sociedade humana. Particularmente, agradecemos e estimulamos tudo que se faz de bem para a estabilidade das famílias de nossa Diocese de Iguatu.
Fonte da foto: https://pantokrator.org.br/mediacenter/formacoes/familia/as-licoes-da-sagrada-familia/