Por Dom Edson de Castro Homem, Bispo Emérito de Iguatu
Estamos celebrando dois centenários de DOM MÁRIO TEIXEIRA GURGEL, do seu aniversário natalício e de seu batismo. Nasceu em Iguatu, em 22 de outubro de 1921 e foi batizado com o nome de Jesus, na Matriz de Senhora Sant’Ana, em 5 de novembro de 1921, pelas mãos do padre José Coelho de Figueiredo Rocha.
Pelo lado paterno, descende da família dos Gurgel do Amaral. Pelo lado materno, primo do compositor iguatuense e ex-deputado federal Humberto Teixeira. Sua irmã, Aldamira, foi prefeita de Quixeramobim.
Foi admitido à Primeira Eucaristia, no dia 28 de janeiro de 1928, na Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Limoeiro do Norte, pelas mãos de seu tio padre, Monsenhor Vital Gurgel Guedes. Em 1931, ingressou no Seminário Salvatoriano de Jundiaí, São Paulo, certamente devido à presença dos salvatorianos, em Barbalha. Recebeu o hábito, em 01 de fevereiro de 1937. Adotou o nome de Mário Teixeira Gurgel, em homenagem ao pai. Fez sua primeira profissão religiosa, em 2 de fevereiro de 1938, e a profissão perpétua, em novembro de 1942. Não poderia imaginar que se tornaria um dos mais ilustres da família salvatoriana.
Por imposição das mãos do Cardeal-Arcebispo, Dom Jaime de Barros Câmara, foi ordenado sacerdote, em 29 de junho de 1944, na Matriz de São Paulo Apóstolo, Rio de Janeiro.Trabalhou em paróquias, seminários, escolas inclusive na Faculdade de Filosofia do Crato. Incentivou o apostolado laical inclusive os Cursilhos de Cristandade e a Legião de Maria.
O Papa São Paulo VI o nomeou Bispo Titular de Sesta e Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro, em 20 de fevereiro de 1967. No dia 14 de maio do mesmo ano, o Cardeal-Arcebispo presidiu como Sagrante Principal a ordenação juntamente com Dom José Gonçalves da Costa e Dom Expedito Eduardo de Oliveira. Seu lema em latim era ‘Como quem serve’.
O referido Papa nomeou Dom Mário Gurgel, Bispo de Itabira e Coronel Fabriciano, em 26 de abril de 1971.Conviveu com os ventos promissores do Concílio Vaticano II e da consolidação da CNBB, em tempos difíceis da relação Igreja-Estado devido ao governo de exceção e da crise pós-conciliar. Liderou a Comissão para a construção da Catedral de Itabira. Incentivou a aplicação do Concílio. Liderou uma obra socio-caritativa, bastante expressiva e reconhecida.
Na CNBB, foi Subsecretário Geral quando ainda funcionava no Rio de Janeiro. Posteriormente, já Bispo de Itabira, foi presidente do Regional Leste 2, membro da Comissão Episcopal de Pastoral e da Comissão do Departamento de Catequese. Na Igreja universal, teve cargos importantes na Congregação para a Propagação da Fé, no Secretariado para a União dos Cristãos, no Secretariado para os Não-Cristãos e na Comissão Internacional de Catequese. Na Legião de Maria, foi Diretor Espiritual do Senatus de Belo Horizonte e Bispo assessor junto a CNBB. Renunciou à Diocese por motivo de idade, em 15 de maio de 1996, mas continuou trabalhando até quando pode. Ao morrer, em 16 de setembro 2006, foi sepultado na Catedral.
Muito bem-humorado, característica do povo cearense, deixou livros de piadas muito apreciados. Em junho de 2004, lançou seu último livro “Só Rindo”, cuja renda foi revertida para o Hospital Nossa Senhora das Dores e para a construção da Igreja Nossa Senhora das Graças, no bairro da Pedreira, em Itabira. Precisa ser conhecido pela Cidade e a Diocese de Iguatu e a Legião que lhe devem homenagens mais significativas que simples Pequena História.