A Solenidade da Assunção de Nossa Senhora supera as demais festividades marianas inclusive é precedida por vigília solene com liturgia própria.
Trata-se de festejar a elevação de Maria aos céus em corpo e alma, como se diz “com pompa e circunstância”. O Povo de Deus a nomeia Nossa Senhora da Glória, um dos mais belos e adequados títulos, digno de quem foi elevada. Recordemos que, neste ano, a celebração será no domingo, dia 20 de agosto. No dia 15, ela acontece somente nas igrejas das quais é titular.
O termo glorificação é atribuído a Maria, de vários modos, devido aos seus privilégios e, sobretudo, ao mistério que Deus revelou sobre sua pessoa e missão. É glorificada, desde sua imaculada conceição, conhecida mediante a anunciação do anjo que a declara “cheia de graça” e que seria Mãe do Senhor por obra do Espírito Santo (Lc 1, 38).
Na visitação, é reconhecida como Mãe do Senhor e é glorificada por Isabel, cheia do Espírito Santo: “Bendita és tu entre as mulheres” (Lc 1, 42). Ela mesma glorifica a Deus que a elegeu: “Minha alma engrandece o Senhor” (v. 46). Agradecida, profetiza: “Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada” (v. 48). Tal glorificação a qual Maria se refere acontece já no tempo da vida pública de Jesus quando alguém da multidão louva o Filho através da mãe: “Bendito o seio que te trouxe e os peitos que te amamentaram” (Lc 11, 27).
Na Assunção, é a Santíssima Trindade, o próprio Deus, que a glorifica para sempre ao conceder-lhe a visão feliz da glória. A propósito, Santo Afonso com sua poética descreve as Glórias de Maria, assunta aos céus, imaginando uma liturgia celeste de chegada e de entronização. Jesus em pessoa glorifica sua mãe quando ela entra no céu. Os santos a saúdam como rainha. Os anjos a homenageiam. Diante do trono de Deus, humildemente, ela se ajoelha. Para Santo Afonso, neste gesto ela “abisma-se no conhecimento do seu nada”. Confirma-se, pois, de modo inefável na Mãe a palavra do Filho: “quem se humilha será exaltado” (Lc 14,11).
Com muito gosto, celebramos a realeza de Maria, no dia 22 de agosto. A reforma litúrgica do Concílio Vaticano II entendeu que seria mais adequado festejar a realeza de Maria, após a solenidade de seu ingresso nos céus. É lógico. Daí a aproximação de ambas as comemorações. Em coerência, a antífona de entrada aplica os versos do salmista a Maria: “A Rainha está a vossa direita com suas vestes de ouro, ornada com esplendor” (Sl 44, 10).
A oração da missa da vigília aproxima a Assunção do sentido simbólico da coroação: “Ó Deus, considerando a humildade da Virgem Maria, vós lhe concedestes a graça e a honra de ser a mãe do vosso Filho unigênito e a coroastes hoje de glória e esplendor”.
A oração da missa da memória de Nossa Senhora Rainha lembra nossa glorificação: “Ó Deus, que fizestes a mãe do vosso Filho nossa mãe e rainha, dai-nos, por sua intercessão, alcançar o reino do céu e a glória prometida aos vossos filhos e filhas”.
Explicando o significado para nós da Solenidade da Assunção, o papa Bento XVI, em 2010, dizia: “a vida da Ressurreição já está presente em nós”, pois o Cristianismo não anuncia “uma qualquer salvação da alma num além indefinido”, mas nos promete a vida eterna. Trata-se de uma verdade “que nos deve encher de profunda alegria”.
Explicou também o sentido da nossa esperança: “Em Deus, no seu pensamento e no seu amor, não sobrevive unicamente uma sombra de nós mesmos, mas nele, no seu amor criador, nós somos conservados e introduzidos com toda a nossa vida”. Portanto, o que é dito de Maria, diz-se também de nós, guardando as devidas proporções.