Nada melhor que a simbologia da luz para qualificar a vida pública do Mestre. Após o batismo, Jesus se retira para a Galileia, lugar muito necessitado de luz.
Mateus Evangelista destaca o ambiente geográfico. Não se trata de simples localização, mas de lugar teológico: Jesus “deixou Nazaré e foi morar em Cafarnaum, que fica às margens do mar da Galileia, no território de Zabulon e Neftali”. (Mt 4, 13). Podemos, pois, compreender que: “não só existe uma progressiva História da Salvação, mas também uma Geografia da Salvação. Deus se revelou à humanidade não só em tempos muito específicos, mas também em lugares muito particulares de sua criação” (Bargil Pixner).
Para Mateus cumpria-se uma profecia luminosa sobre o território que Jesus escolheu para sua vida pública: “Terra de Zabulon, terra Netfali, caminho do mar, região do outro lado do rio Jordão, Galileia dos pagãos! O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz, e para os que viviam na região escura da morte brilhou uma luz” (vv15-16; Cf Is 8, 23-9,1).
A ação prioritária de Jesus é a de ensinar. Ele é Mestre. Assim sendo, na região escura da morte, Jesus começou a pregar aos que estavam mergulhados na escuridão. A pregação é libertadora, transformadora: “Convertei-vos porque o reino dos céus está próximo” (v. 17). O discurso é proclamador (=querigmático), pois, anuncia uma boa notícia diante da qual é preciso tomar uma decisão: O Reino dos céus se aproxima; O Reino dos céus chegou.
Os primeiros discípulos que o Mestre reúne em torno de si apontam para o itinerário da convivência que acentua a localização “quando Jesus andava à beira do mar da Galileia” (v. 18). Jesus viu dois irmãos Pedro e André. Chamou-os ao discipulado e ao seguimento. Caminhando, Jesus viu outros dois irmãos: Tiago e João. Eles o seguiram. Do simples ambiente particular, geográfico, profissional e até o familiar são convocados a ir ao encontro do vasto ambiente universal que abarca a humanidade: “Segui-me, eu vos farei pescadores de homens” (v. 19). O convite é simples e direto. As consequências seriam imprevisíveis. Nunca mais seriam os mesmos.
É de extrema relevância que Pedro e André “imediatamente deixaram as redes e o seguiram” (v. 20). Também Tiago e João “imediatamente deixaram a barca e o pai e o seguiram” (v. 22). Tal seguimento corresponde ao itinerário do Mestre de ir ao encontro das pessoas onde se encontram para ensiná-las e curá-las: “Jesus andava por toda a Galileia, ensinando em suas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando todo tipo de doenças e enfermidade do povo” (v. 23). Eles iam com Jesus.
A Igreja nasce em saída. Quando o Papa Francisco insiste na missão de sair, certamente tem diante de si a Galileia das nações de ontem e de hoje. Como evangelizar sem ir ao encontro das pessoas e onde se encontram?
A redescoberta do discipulado e do seguimento de Jesus implica em retomar o início de tudo. Jesus andava, via e chamava. Jesus ensinava. Jesus efetuava ações que salvavam e curavam. Jesus assumia a missão de ser Luz. Jesus associou a si os discípulos para que fossem com Ele portadores de Luz. Jesus nos ensina a ensinar.