Segundo a lei de Moisés, a mãe se tornaria impura após o nascimento de uma criança. Para um filho, o estado de impureza da mãe duraria 40 dias. Para uma filha, 80 dias. Por isso, certamente Maria por 40 dias não aparecia em público nem tocara nada que fosse consagrado a Deus. Para ficar livre dessa impureza legal, fora ao templo para oferecer duas pombinhas ou rolinhas, o sacrifício dos pobres.
A lei também determinava que o filho primogênito fosse oferecido a Deus. Por isso, José e Maria levaram o Menino ao templo para que fosse consagrado a Deus pelas mãos do sacerdote. Também conforme a lei, ofereceram cinco moedas para que Ele fosse resgatado.
Com a reforma litúrgica após o Vaticano II, em consonância com o texto bíblico, a dimensão cristocêntrica da festa foi realçada sem esvaziar sua dimensão mariana. A figura de Simeão e Ana favoreceram o olhar para a chegada de Jesus no templo com a simbologia da luz.
O velho Simeão, movido pelo Espírito Santo, veio ao templo, tomou o Menino nos braços e bendisse a Deus: “meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos, luz para iluminar as nações e glória de teu povo Israel” (Mt 2,27-31). Diz a Maria: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição” (v. 34). A velha Ana, profetiza que não saia do templo, pôs-se a louvar a Deus e a falar do Menino a todos (v. 38).
Enfim, temos o resumo do Evangelho da Infância: “o Menino crescia e se tornava forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com Ele” (v. 40).
Pela Liturgia e pela devoção, é festa das luzes, das candeias. Maria recebe o título de Nossa Senhora da Purificação juntamente com os títulos de Nossa Senhora da Luz, das Candeias, da Candelária. Abençoam-se as velas que simbolizam Jesus, luz das nações, segundo o cântico de Simeão. Faz-se a procissão luminosa.
Primeiramente, a festa nos faz compreender Jesus integrado no seu povo: “glória de Israel.” (v. 32). Assumiu sua tradição, suas leis, seus costumes, sua religião a partir de sua família. Como disse São Paulo: “nascido de uma mulher, nascido sob a Lei “ (Gl 4, 4).
A seguir, a festa nos lembra a dimensão universal ou católica da salvação: Jesus, luz dos povos e das nações. Lembra, igualmente, a partir de Simeão, que a ação do Espírito Santo conduz e revela o mistério de Cristo, desde sua infância. Reconhece a colaboração específica de Maria no plano de nossa redenção: “uma espada te transpassará a alma” (v. 35).
Enfim, acentua, em ambos os velhos, a relevância da antiga Aliança, tanto a promessa quanto a profecia. Coube aos anciãos aguardarem e reconhecerem o Messias: “meus olhos viram” (v. 30). Temos o cumprimento da promessa e a realização da profecia.
Iluminadora a mensagem acima. Esclarece o cristocentrismo da festa e o papel de Maria na Igreja.