A divisão entre os cristãos fere a Igreja, e fere Cristo: na Audiência Geral desta quarta-feira, 08 de outubro, o Papa Francisco prosseguiu sua série de catequeses sobre a Igreja falando sobre os cristãos não católicos.
Francisco deu uma pausa nos trabalhos sinodais desta manhã para se encontrar com os milhares de fiéis e peregrinos na Praça S. Pedro. Depois de cumprimentar a multidão em festa, o Papa comentou a atitude de muitos católicos diante da divisão na Igreja – uma atitude de resignação e indiferença que provocou no decorrer da história conflitos, sofrimentos e inclusive guerras. “Isso é uma vergonha”, disse o Pontífice.
“As divisões entre os cristãos, enquanto ferem a Igreja, ferem Cristo: a Igreja, de fato, é o corpo de cujo Cristo é o chefe”, recordou. Esta unidade já era ameaçada enquanto Jesus ainda estava entre os seus, e as insídias do mal perduraram ao longo dos milênios. Foram geradas fraturas e separações pelas mais variadas razões: dogmáticas, morais, pastorais e políticas, mas fundamentalmente devido à soberba e ao egoísmo presentes no coração dos homens. Egoísmo que nos torna intolerantes, incapazes de ouvir e aceitar quem tem uma visão ou uma posição diferente da nossa.
Nesse contexto, o que cada um de nós, como membros da Igreja, podemos e devemos fazer?
Em primeiro lugar, afirmou o Papa, devemos unir a nossa oração à oração de Jesus pela unidade; depois, não nos fechemos ao diálogo e ao encontro, mas permaneçamos abertos a todos quantos creem em Cristo, mesmo que pensem de modo diverso. Francisco pediu que pensemos mais naquilo que nos une, e não naquilo que nos divide.
“É uma dor, há divisões, mas todos temos algo em comum: todos nós acreditamos em Jesus Cristo. Estamos em caminho, ajudemo-nos uns aos outros. Em todas as comunidades existem bons teólogos, que façam o seu dever. Mas nós devemos caminhar juntos, rezando um pelo outro e fazendo obras de caridade. E assim faremos a comunhão em caminho.”
Isso se chama ecumenismo espiritual, explicou o Papa, que acrescentou:
“Não deveria contar fatos pessoais, mas não resisto à tentação. Estamos falando de comunhão, comunhão entre nós. E hoje eu agradeço ao Senhor porque são 70 anos que fiz a Primeira Comunhão”, contou Francisco, sob os aplausos da multidão, lembrando que este Sacramento significa entrar em comunhão com os irmãos da nossa Igreja, mas também em comunhão com todos aqueles que pertencem a comunidades diferentes, mas acreditam em Jesus.
“Caminhemos rumo à plena unidade”, exortou por fim o Pontífice, pedindo que não nos cedamos ao desconforto, pois Deus não pode deixar de ouvir a voz do seu próprio Filho e também a nossa, que rezamos para que todos os cristãos sejam realmente um só coisa.
Ao saudar os inúmeros grupos presentes na Praça, Francisco recordou a Jornada Europeia para a doação de órgãos. “Faço votos de que com esta forma peculiar de testemunho de amor ao próximo, se respeite a certeza da morte do doador, e sejam evitados abusos, tráficos e o comércio de órgãos.”