DA MORTE À VIDA ETERNA

 


A Solenidade de todos os Santos e a Comemoração dos fiéis defuntos tão perto uma da outra nos falam da nossa existência, da nossa conclusão terrena e da vida eterna após a morte. À semelhança do grão de trigo que se morrer dará muito fruto, como observou Jesus, referindo-se a sua própria morte (Jo 12,24), morrer não é o fim da vida.

A rigor, não há finados, pois, a “vida não é tirada, mas transformada”. Com efeito, para quem tem fé, não se celebra a saudade nostálgica dos que se foram, mas a esperança promissora do reencontro. Olha-se para nosso futuro em Deus.

No Credo, fundamentado nas Escrituras, professamos nossa fé no Crucificado, morto e sepultado, descido à mansão dos mortos, Ressuscitado e sentado à direita de Deus e que virá a julgar os vivos e os mortos. Professamos também nossa fé e esperança na ressurreição da carne e na vida eterna.

São inumeráveis os intercessores, em geral, anônimos. São modelos a estimular nosso seguimento de Jesus. Atualmente, incluímos novos beatos, nossos contemporâneos, como os jovens italianos: Chiara Luce e Carlo Curtis. Fazem parte da multidão incontável dos membros da Igreja triunfante. Neles, Deus é admirável e é digno de louvor. Alegremo-nos, pois, no Senhor, com todos os eleitos.

Quem vive em harmonia com Deus, com todas as pessoas e com a natureza, certamente, entende e repete o que escreveu São Francisco, o santo da ecologia integral: “Louvado sejas, ó meu Senhor, pela nossa irmã morte corporal”. Sabe integrar a morte à vida. Saberá integrar a vida à morte: “É morrendo que se vive eternamente”.

Pode-se até deseja-la, não como os suicidas, por depressão ou desespero, nem como os que clamam pelo direito à eutanásia (em geral, a dos outros). Os discípulos de Jesus, ao contrário, podem deseja-la sem procurar e efetivar, em meio a perseguições, para expressarem a fidelidade ao Senhor até o martírio.

São Paulo aspirava: “meu desejo é partir e estar com Cristo” (Fl 1,23); “preferimos deixar a mansão deste corpo para ir morar junto do Senhor” (2Cor 5,8). Santa Tereza de Ávila suspirava pela união afetiva com o Amado: “morro de não morrer”.

Devido à pandemia não visitaremos os túmulos como de costume e não teremos a missa nos cemitérios. É tempo de restrições. Poderemos participar da Eucaristia presencial ou assistir a digital. A propósito, o Concílio Vaticano II diz: “… a Igreja terrestre desde os primórdios da religião cristã venerou com grande piedade a memória dos defuntos, e “porque é um pensamento santo e salutar rezar pelos defuntos para que sejam perdoados dos seus pecados (2Mac 12,46), também ofereceu sufrágios em favor deles”. (Lumen Gentium, 50). Este santo costume de sufragar com a missa há de permanecer e ser incentivado.

Nossa Senhora, Rainha de todos os santos e que, no dizer de Frank Duff, é a Rainha dos que estão no purgatório, ajude-nos a ter o desejo de Deus, desde o tempo presente, para vê-lo e amá-lo eternamente na sua glória. Seja Maria, a Estrela do Mar, que nos leve ao porto seguro que nos conduz ao Cristo Jesus, sentido da vida e da morte para a eternidade. Ela nos ajude a viver a esperança na qual nós nos agarramos “qual âncora de nossa alma, firme e sólida” (Hb 6,19). Nossa Senhora da Esperança, rogai por nós.

1 comentário em “DA MORTE À VIDA ETERNA”

  1. Mais uma vez, a palavra de Dom Edson de Castro Homem, nosso Pastor diocesano, a orientar-nos, agora em torno de tema tão profundo: a vida além túmulo!
    A respeito da “importância e validade permanente” da “oração em sufrágio dos mortos”, corroborando o que Sua Excelência Reverendíssima falou, recordo, a propósito, neste espaço de comunicação, o “parágrafo inicial” da Constituição Apostólica INCRUENTUM ALTARIS SACRIFICIUM (O SACRIFÍCIO INCRUENTO DO ALTAR), de 10.08.1915, do Papa Bento XV, versando sobre o Dia de Finados.
    O Pontífice em tela, não custa lembrar, guiou a Santa Igreja entre 1914 e 1922, tempos dificílimos – diga-se de passagem – pois época da I Guerra Mundial.
    Eis o começo do documento papal:
    “O sacrifício incruento do Altar, porque pela sua natureza em nada difere do sacrifício da Cruz, não só traz glória para os habitantes do céu e beneficia como um remédio de salvação àqueles que ainda se encontram nas misérias desta vida, vale muitíssimo também para o resgate das almas dos fiéis que descansam em Cristo. Esta é uma perpétua e constante doutrina da Santa Igreja. Os vestígios e os argumentos desta doutrina — que ao longo dos séculos trouxe grande conforto a todos os cristãos e que despertou nas melhores pessoas viva admiração pela infinita caridade de Cristo — podem ser encontrados nas mais antigas liturgias da Igreja Latina e da Igreja Oriental e nos escritos dos Santos Padres, e são, enfim, claramente expressos em muitos decretos dos antigos Sínodos.”
    (Osmar Lucena Filho – Paróquia do SC de Jesus – Piquet Carneiro)

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