ESTRADAS ABERTAS. PONTES DE ACESSO

O profeta Isaías apresenta a intenção confortadora de Deus: “Consolai o meu povo, consolai-o” (Is 40,1). A consolação é possível, pois, a boa nova da salvação é a libertação do cativeiro da Babilônia. Assemelha-se à lei áurea: “sua servidão acabou” (v.2). As vias estão abertas.

O grito de libertação dá legitimidade à consolação. Trata-se da ação eficaz operada por Deus. O anúncio é feito com beleza poética e sugestiva, pois, é o próprio Senhor quem desce para conduzir seu povo pelo deserto, através da estrada de um novo êxodo. Abre os caminhos.

Há uma particularidade: o retorno será obra coletiva: “Preparai o caminho do Senhor, aplainai na solidão a estrada de nosso Deus. Nivelem-se todos os vales, rebaixem-se todos os montes e colinas; endireite-se o que é torto e alisem-se as asperezas” (3-4). O povo disperso será congregado em lugar demarcado: Sião, Jerusalém, as cidades de Judá (v.9).

A descrição da partida e a da chegada é bastante bela e terna.  Retoma a simbologia do pastoreio divino: “Como um pastor, ele apascenta o rebanho, reúne, com a força dos braços, os cordeiros e carrega-os ao colo; ele mesmo tange as ovelhas mães” (v.11).  Com tal imagem das “ovelhas mães”, observa-se o cuidado pelo futuro, isto é, a restauração social, política, religiosa do povo. Haverá continuidade, pois as mães trazem a vida de novos nascimentos.

O evangelista Marcos tem presente o anúncio da consolação de Isaías, porém, atualiza-o na vida e na mensagem do “Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (Mc 1,1). Jesus vem como Salvador. É portador da salvação divina. O Evangelho ou a boa notícia é o próprio Jesus.   

João Batista é aquele cuja voz grita no deserto: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas” (v.3). Desde o deserto, é apresentado como profeta-precursor ao dizer: “Depois de mim virá alguém mais forte do que eu. Eu nem sou digno de me abaixar para desamarrar suas sandálias. Eu vos batizei com água, mas ele vos batizará com o Espírito Santo” (v.7-8).

João é arauto. É veículo humano de comunicação. Faz ecoar. Causa impacto pela própria extravagância de vestir-se “com uma pele de camelo” e de alimentar-se “com gafanhotos e mel do campo” (v.6). Hoje diríamos que tinha sucesso “midiático”, pois, embora pregasse no deserto “toda a região da Judeia e todos os moradores de Jerusalém iam ao seu encontro” (v.5).

Mais importante é que João era reconhecido como homem de Deus (o mesmo que profeta), visto que as pessoas aderiam a sua pregação e “confessavam os seus pecados e ele os batizava no rio Jordão” (v.5). Portanto, pelo rito e pela palavra, ele próprio era um sinal religioso e sensível de conversão. Sua mensagem ecoava do deserto à cidade que lhe vai ao encontro.

A expectativa ganha corpo: “virá Alguém mais forte” (v.7) que “batizará com o Espírito Santo” (v.8). Tal relação de Jesus com o Espírito e vice-versa apresenta o ensinamento e a obra do Mestre como sendo atividade profética ou carismática. (Cf. também v.12).

O ensinamento do segundo domingo do Advento enseja que estejamos determinados a aplainar nossas estradas e a consertar nossos itinerários tortuosos e a fazer pontes de acesso para irmos ao encontro do Senhor em tudo e em todos. Façamos ecoar a Mensagem de Jesus!

Foto: http://covnazare.blogspot.com/2011/12/preparai-o-caminho-do-senhor-2-domingo.html

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