Epifania! Manifestação do Senhor! A Igreja ouve para si mesma: “De pé! Deixa-te iluminar! Chegou tua luz!” (Is 60,1). Trata-se de Jesus, luz dos povos. Já Menino, desde seu Natal, ilumina as trevas da noite, a escuridão dos que não tem a visão da fé.
A Epifania no nosso tempo tem bases sólidas no Concílio Vaticano II: “a claridade de Cristo resplandece na face da Igreja” (LG, 1) para anunciar o Evangelho a toda a criatura. Os Papas após o Concílio, cada um a seu modo, receberam novo ardor para evangelizar pelo diálogo com todos. O instrumento do diálogo é aprendizado.
Trata-se de nova Epifania, abrir-se ao diálogo. O outro, o diferente, o distante, eles estão no centro luminoso que os atrai: Jesus. Ele será reconhecido por aqueles que vierem de longe. A estrela, símbolo messiânico-régio, guia no caminho até a chegada (Mt 2,9).
O mundo pagão faria parte do povo de Deus. A prostração dos astrólogos, os reis magos, é o reconhecimento que os excluídos –incircuncisos seriam acolhidos.
São Paulo, doutor dos gentios, compreendera muito bem a mensagem da Epifania no seu tempo. Escreveria: “os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo e beneficiários da mesma promessa, no Cristo Jesus, por meio do evangelho” (Ef 3,6). Paulo fez de tudo para os incluir.
Constata-se o estabelecimento da idade pós-cristã. Certamente, aqui reside parte da explicação da “mudança de época” na qual muitos contemporâneos se encontram à margem das próprias mudanças. Não são contabilizados. São simplesmente invisíveis.
Até o Papa Francisco admitiu o que muitos já disseram: o fim da cristandade, como projeto político e cultural. Bento XVI já tinha ido além, ao constatar o neopaganismo que dá a ideia de retorno ao humanismo sem Cristo. Chegou a dizer que seremos uma Igreja de poucos, como no início, mas uma Igreja fiel e atuante. Igreja de mártires.
Tal constatação nada tem de pessimista. Ao contrário. Implica em construir novas pontes ou mediações ou novos inícios. A Igreja missionária, samaritana, dialogante e diaconal se reinventa na liberdade do Espírito. Quanto à incompreensão, à perseguição, ao martírio já fazem parte da vivência da pureza cristã, desde o Senhor Jesus. Compõem a vivência e o conteúdo anunciado. Trata-se da Igreja testemunhal.
Também junto com a Epifania manifesta-se o poder opositor. Ele rejeita e persegue pela figura, nada simpática, do rei Herodes. Diz do império romano. Com o governador toda a Jerusalém ficou perturbada (v.3). O episódio dos magos reconhece tanto a força de atração do Rei Menino quanto o poder esmagador de Herodes na matança das crianças. A polaridade atua em todos os tempos. Também hoje quando se apregoa a tolerância.
Epifania é luz. Luz é coração e razão. Luz é fé adulta e serviço comprometido. Por isso, a Epifania diz da “grande alegria” (v.10), do encontro e da adoração, da enculturação da Mensagem e até da bem-aventurança da perseguição. Diz que a missão continua aberta e inacabada para a bela ventura de anunciar e de viver Jesus. Epifania é história de amor.
FELIZ FESTA DA EPIFANIA DO SENHOR!