O dom maior, o Espírito Santo, enviado do Pai por Jesus Ressuscitado (Jo 14, 16), conduz a Igreja na história. Enriquece-a de discípulos (as) cada vez mais numerosos.
A escolha dos sete diáconos, homens cheios do Espírito Santo, é uma dessas expressões de vitalidade numérica e qualitativa. Devido ao aumento de discípulos, as viúvas de origem grega eram pouco atendidas. Para solucionar a dificuldade, sete homens carismáticos foram eleitos a fim de servir às mesas. Por isso, foram consagrados pela imposição das mãos dos apóstolos (Cf. Atos 6, 1-7) para o ministério de diáconos.
A propósito, o papa Bento XVI disse algo de substancial para a compreensão do serviço da caridade na Igreja em sua melhor Encíclica: “Com a formação deste organismo dos sete, a diaconia – serviço do amor ao próximo exercido comunitariamente e de modo ordenado- ficara instaurado na estrutura fundamental da própria Igreja” (Deus Caritas est, n. 21). Entendamos: na estrutura hierárquica e sacramental. Eis um dos frutos da Páscoa, mediante a ação do Espírito pelos apóstolos dado à Igreja.
Consequentemente, a restauração do diaconato permanente é avivamento da prática apostólica; é um dos retornos às fontes bíblicas e da Tradição, preconizado pelo Concílio Vaticano II que muito bem faz às Comunidades, no serviço da Palavra, da Liturgia e da Caridade. Seja entendido como de fato é fruto pascal.
Na mesma Encíclica, o referido papa fez uma oportuna e inesperada alusão ao Imperador Juliano, conhecido como apóstata (+363) que restaurou o paganismo, mas inspirou-se no cristianismo, ao instaurar uma hierarquia de metropolitas e sacerdotes, promotores do amor a Deus e ao próximo. Em uma de suas cartas, afirma ser a ação caritativa, realizada pela Igreja, o único aspecto do cristianismo que o maravilhara. O Império por ele restaurado deveria imitar e superar a ação dos cristãos. Bento XVI concluiu que Juliano, ao seu modo, confirmara que a caridade caracterizava a comunidade cristã (n. 24).
Certo pensador ateu escreveu que se o cristianismo acabasse, a única contribuição que deixaria é a afirmação firme da dignidade da pessoa humana. Sabemos que deixaria muito mais. Esqueceu de dizer que a dignidade humana é afirmada não só como conceito. Expressa-se com vitalidade em todas as formas de caridade e de serviço desinteressado, não só pessoal e espontâneo, mas, sobretudo, de modo ordenado e institucionalizado, de assistência e de promoção social. A obra social e caritativa da Igreja Católica é um dado incontestável. Manifesta a força vitoriosa da páscoa do Senhor que é vencer o mal com o bem. Sem o cristianismo, o mundo sofreria o vazio do amor de gratuidade, máxime no perdão.
A Doutrinal Social da Igreja, ensinamento que leva à ação justa, alimenta-se na prática dos fieis de Cristo que é a vivência do mistério pascal, tal como o entende o apóstolo São João: “Nós sabemos que passamos da morte para a vida porque amamos os irmãos. Aquele que não ama permanece na morte” (1 Jo 3,14). Trata-se da páscoa motivadora da união entre fé e caridade ou entre o culto e à ética.
Sublime fruto da Páscoa do Senhor será a conclusão de nossa existência terrena. A esperança se tornará realização da promessa: “Vou preparar um lugar para vós, e quanto eu tive ido preparar-vos um lugar, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais também vós” (Jo 14, 2-3). A grande promessa é fortalecida pelo desejo de Jesus, expresso na sua oração por nós: “Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estou, também eles estejam comigo, para que contemplem minha glória…” (Jo 17, 24).
Diante da instabilidade do momento nacional, rezemos pelo Brasil. Oremos por aqueles que possuem o poder decisório sobre nossos destinos. Para eles e para nós, vale a exortação de Paulo: “Todos os de nossa gente precisam aprender a praticar o que é bom, de sorte que se tornem aptos a atender às necessidades urgentes” (Tt 3,14). Enfim, não busquemos só os direitos, mas pratiquemos os deveres.