IN MEMORIAM
MONSENHOR FRANCISCO DE ASSIS COUTO
(* Jardim-CE, 29 de dezembro de 1919 + Fortaleza-CE, 8 de setembro de 1979).
1º VIGÁRIO GERAL DA DIOCESE DE IGUATU
EM TORNO DE SEU CENTENÁRIO DE NASCIMENTO
“1. Façamos o elogio dos homens ilustres, que são nossos antepassados, em sua linhagem. 2. O Senhor deu-lhes uma glória abundante, desde o princípio do mundo, por um efeito de sua magnificência. 3. Eles foram soberanos em seus estados, foram homens de grande virtude, dotados de prudência. As predições que anunciaram adquiriram-lhes a dignidade de profetas: 4. Eles governaram os povos do seu tempo e, com a firmeza de sua sabedoria, deram instruções muito santas ao povo.”
(Do Livro do Eclesiástico: 44, 1-4.)
Sua Excia. Revma. Dom Edson de Castro Homem, Bispo diocesano de Iguatu, manifestou a toda a Diocese, por ocasião da “Missa do Crisma”, ocorrida na Catedral de São José, na manhã da Quinta-feira Santa, 19 de abril último, o desejo de que seja evocada, no decurso deste ano, a pessoa do reverendíssimoMonsenhor Francisco de Assis Couto ( * 1919 + 1979 ), 1º Vigário Geral da Diocese de Iguatu, em razão da 1ª centúria do nascimento deste, ocorrido no Município de Jardim, Estado do Ceará, quase ao ocaso de 1919, visto que nascera o saudoso levita no dia 29 de dezembro daquele ano.
A bem da verdade, duas efemérides se apresentam diante de nós, neste ano de 2019, em relação à augusta pessoa do Mons. Couto: o centenário de seu nascimento, a que já aludimos; e os 40 anos, desde o seu “trânsito” para a Casa do Pai, acontecido no dia 8 de setembro de 1979, em Fortaleza.
Sacerdote de excelentes virtudes, tendo deixado por todas as paróquias em que passou o traço marcante de sua capacidade realizadora, Mons. Couto é bem digno da nossa recordação.
Simples, de maneira cativante e bondosa, soube ele conquistar a estima e simpatia dos seus colegas de sacerdócio, de seus paroquianos e de seus amigos, conseguindo, sempre, impor-se à confiança e admiração de todos pela nobreza do seu caráter e a dedicação aos encargos de que foi incumbido no longo de seu apostolado.
Paginando antigas edições do Boletim da Diocese de Iguatu, encontramos um “necrológio” acerca, obviamente, do falecimento de Mons. Francisco de Assis Couto, publicado na edição de nº 113, de 30 de setembro de 1979, do referido periódico.
O texto é de autoria de nosso estimado Dom José Mauro Ramalho de Alarcon e Santiago, 1º Bispo de Iguatu, de que extraímos, a enriquecer estas linhas, algumas passagens da vida de Mons. Francisco de Assis Couto.
Ei-las: Mons. Couto “entrou para o Seminário do Crato em 1934, onde passou até 1940. Terminado o Curso de Humanidades, passou, em 1941, para o Seminário Arquiepiscopal de Fortaleza, sendo ordenado sacerdote em 8 de dezembro de 1946, em Crato, por Dom Francisco de Assis Pires. Em 1947 foi designado Vigário Cooperador de Pe. Vicente Alves Feitosa, na cidade de Iguatu, sendo promovido, em seguida, a Vigário da mesma Paróquia de Senhora Santana, que dirigiu de 1947 a 1962, tempo em que foi elevado ao posto de Vigário Geral da nova Diocese de Iguatu, pela qual trabalhou incansavelmente, como o fizera antes, na fase de sua preparação e instalação”.
Depois de passar em revista datas e eventos da vida de Mons. Francisco de Assis Couto, Dom Mauro fala-nos, então, sobre a personalidade do saudoso extinto, nestes termos: “As qualidades que o distinguiram foram sempre uma profunda bondade com que procurou acolher a todos, de par com uma extrema magnanimidade com que respeitava as pessoas, conquistando a amizade de quantos o conheceram.”
Continua Dom Mauro: “Aliavam-se nele, à calma que era particular, uma inclinação para buscar as coisas em suas raízes. Isso muito lhe valeu na sua intuição natural para a pesquisa, que o tornou um curioso dos acontecimentos de história regional. Aplicou seus esforços na exploração dos arquivos, deixando interessantes estudos sobre as Paróquias de Jucás, Iguatu e Solonópole. Compilou documentos relacionados com a criação da Diocese de Iguatu em opúsculos de muito valor para a posteridade.”
Ainda por meio de um escrito publicado no Boletim da Diocese, continua a nos falar Dom Mauro sobre a pessoa de Mons. Couto: “Prestou relevantes esforços à Diocese de Iguatu com a sua característica afabilidade, tornando-se amigo querido de cada sacerdote. Prestou uma inestimável ajuda a seu Bispo e à Igreja Iguatuense. Se mais não fez, é que se submeteu, por contingência de sua saúde débil, à necessária cautela que o limitava sempre mais, por conta de dieta e tratamento após problemas circulatórios, que se repetiram nos últimos anos, como consequência de pertinaz diabete. Ocupou generosamente os momentos de seu confinamento em casa, registrando os acontecimentos importantes da vida da Diocese e respondendo pelo expediente da Cúria Diocesana, que conduziu com absoluto zelo e responsabilidade.”
Eis o relato dos últimos dias de Mons. Couto, segundo a mesma fonte: “Metódico e cuidadoso com a saúde, subestimou uma infecção que, não medicada a tempo, tomou de assalto suas poucas defesas orgânicas. Hospitalizado durante 45 dias em Fortaleza comoveu amigos e parentes que pressentiam a morte inevitável, após duros padecimentos, no dia 8 de setembro último (Ndr: 1979). Seus amigos estavam presentes às várias missas que continuamente foram celebradas na Catedral de Iguatu, onde o Sr. Bispo consentiu que ele fosse sepultado.Num mundo conturbado por tantos descalabros, que a Juventude tenha, em tão elevados dotes de virtude de Monsenhor Couto, estímulos para aprender como vale a pena ser bom.”
Dom Mauro fez referência aos trabalhos de Mons. Couto, como exímio cronista, que este foi, no que tange às narrativas dos “acontecimentos importantes da vida da Diocese de Iguatu”.
Neste particular, lembramos que, pelo documentário contido e pelo critério histórico adotado, o conjunto das “monografias” versando sobre as origens eclesiásticas de Iguatu e regiões circunvizinhas, a que Dom Mauro se refere, frutodo labor de Mons. Francisco de Assis Couto, é obra que se recomenda, sobremaneira, agora, na oportunidade que se nos manifesta, da comemoração do centenário de nascimento de seu insigne autor.
A Diocese de Iguatu há de comemorar, não há dúvida, com inúmeras homenagens, efeméride de tão elevada magnitude sociorreligiosa!
(Osmar Lucena Filho, da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Piquet Carneiro.)
Ademagogicamente: Excelente texto, de autoria do magnânimo Prof. Osmar! Que solene panegírico àquele que foi nosso 1* Vigário Geral! Deus recompense o caríssimo autor, pela sabedoria destas palavras, fruto do influxo do Espírito Santo!!!