MÃE DO CARMO

A festa de Maria com título de Nossa Senhora do Carmo está ligada aos Carmelitas. Por volta do ano 12, alguns cruzados se retiraram no alto do Monte do Carmo ou Carmelo, na Palestina, e junto à fonte do profeta Elias. Desejavam se inserir na tradição monástica oriental, mais antiga, de convivência no deserto.

Durante a grande seca, o profeta do zelo do Senhor ouviu a palavra de Deus: “Vai-te daqui, retira-te para o oriente e esconde-te na torrente de Carit, que está a leste do Jordão. Beberás da torrente e ordenei aos corvos que te deem alimento” (1Rs 17, 2-4). Reconhecendo a paternidade espiritual de Elias, a partir de 384, São Jerônimo, vivendo entre os monges no Oriente, escreveu: “nosso modelo é Elias, Eliseu, aqueles nossos guias filhos dos profetas”.

Inseridos no mesmo parentesco espiritual de Elias, os primeiros que se instalaram no Monte do Carmo introduziram a devoção à Virgem cuja influência deu nome à Ordem. Construíram ali pequena igreja, dedicada a Maria que passou a iluminar a existência deles. 

Transladando-se para a Europa, devido à perseguição dos mulçumanos, difundiram-se rapidamente e optaram pela vida apostólica ou mista, própria dos frades conventuais, aceitando também trabalhar nas missões. Desde o século 13, ao emitir a profissão religiosa, prometem obediência a Deus e a Bem-aventurada Virgem Maria do Monte do Carmo.

A festa mariana coincide com o dia que, segundo a tradição carmelita, ela teria entregue o escapulário a São Simão Stock (1251), em uma visão. A devoção popular ao escapulário e a presença missionária da Ordem ajudaram a difundir a devoção a Nossa Senhora do Carmo, universalizando a comemoração. Deixou de ser uma festa somente da Ordem para ser aceita no calendário litúrgico da Igreja toda.

Muito importante para a renovação da vida cristã, também laical, foi a reforma empreendida, no século 15, por São João da Cruz e Santa Tereza de Ávila. Pretenderam retornar ao espírito primitivo, mais contemplativo ou monástico, tendo Jesus e Maria como modelos de união com Deus. Santos modernos, tais como Santa Teresa do Menino Jesus e Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein), e várias congregações e institutos seculares e de vida apostólica foram motivados pela espiritualidade carmelitana a quem integram aspectos próprios de inserção, sobretudo, na área da educação.

Na nossa Diocese de Iguatu, a cidade de Jucás se alegra por sua padroeira. A paróquia, desde a novena festiva, celebra Nossa Senhora do Carmo com reflexão e oração.  Os Frades carmelitas, missionários em Icó e as Filhas de Santa Tereza de Jesus, educadoras, muito se alegram. Também as Irmãs Carmelitas Missionárias de Santa Teresa do Menino Jesus que evangelizam as comunidades. São diversas expressões da espiritualidade carmelitana a enriquecer-nos.

Maria nos estimula a vivermos o equilíbrio da existência cristã, na contemplação dos mistérios de Cristo e na ação evangelizadora e social e caritativa. Ajuda-nos a celebrar a fé com alegria. Leva-nos a subir “o monte que é Cristo”, conforme a oração do dia da festa. De acordo com a imagem paulina, conhecemos a altura de Cristo tanto quanto a profundidade do seu mistério.

A imagem bíblica da montanha, tão presente na vida de Jesus, indica elevação, subida e descida. A festa da Mãe do Carmo é a elevação do olhar para melhor descer à realidade. Que seja olhar penetrante como o da águia, no esforço abençoado por Maria e estimulado pela graça do Espírito.

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