PELOS CAMINHOS DA HISTÓRIA
DIOCESE DE IGUATU
MEMÓRIA ECLESIÁSTICA – EVOCAÇÕES
PADRE GERALDO SLAG, MSF
(* 25.12.1925 + 26.02.1999)
Há 58 anos – estava-se, portanto, em 1962 – era instituída a Diocese de Iguatu, criada, canonicamente, pelas Letras Apostólicas (Bula papal) “In apostolicis muneris”, de 28 de janeiro de 1961, de autoria de Sua Santidade, o Papa João XXIII, canonizado em 2014.
Naquela oportunidade, as paróquias de Jucás, Arneiroz e Saboeiro achavam-se confiadas ao zelo pastoral dos padres religiosos “Missionários da Sagrada Família”, cujos nomes seguem declinados: Pe. João Stiker, Pe. Valentim Ginter, Pe. Henrique Oligmüller e Pe. Geraldo Slag.
Foram eles, por conseguinte, testemunhas oculares do “nascer” da nossa Diocese, deixando um legado de dedicação e de muito amor à dinâmica da vida missionária da Igreja Particular de Iguatu.
EM TORNO DO PE. GERALDO SLAG, MSF
Pe. Geraldo Slag, MSF, holandês de Entes, nasceu em 25 de dezembro de 1925.
Os estudos primários ocorreram em sua terra natal, Entes; em seguida, Geraldo ingressa no Seminário Menor, em Kaatsheuvel e Wijkaanzee (Holanda).
Os estudos superiores (Filosofia e Teologia) realizaram-se em Oudenbosch (Holanda).
A ordenação presbiteral do Diácono Geraldo Slag transcorreu no dia 27 de julho de 1958, também em Oudenbosch.
Eis os cargos exercidos pelo Pe. Geraldo Slag, MSF, em terras brasileiras, às quais aportou em 1960: Auxiliar de Pastoral (em Recife), Vigário de Floresta do Navio (PE), Vigário de Cariús (CE) e, a contar de 1963, Vigário de Saboeiro (CE).
UM ACENDRADO AMOR AOS “CALDEIRÕES”
AOS NECESSITADOS DE SUA GREI
Paginando o antigo Anuário da Diocese de Iguatu, de dezembro de 1973, encontramos, na página 52, um escrito sobre o Pe. Geraldo, intitulado “Um padre singular, um missionário autêntico”: “Indagado de como poderia um europeu resistir ao impacto da mudança de clima, hábitos, cultura e forma de vida, permanecendo tanto tempo numa localidade como Saboeiro, no meio do sertão adusto, o Pe. Geraldo soltou uma risada característica e disse, sem titubear: ‘os Caldeirões‘”.
AFINAL, QUE SÃO OS “CALDEIRÕES DE SABOEIRO”, QUE TANTO AMOR DESPERTARAM NA ALVA DO VIGÁRIO GERALDO SLAG?
Demos a palavra a Enéas Braga, pela importância de uma pesquisa dele acerca dos “Caldeirões de Saboeiro”.
A fonte continua sendo o Anuário da Diocese de Iguatu – 1973, às páginas 52 e 53.
Diz-nos o cronista Enéas: “O Rio Jaguaribe (…) tem cachoeiras que cantam no inverno. As barragens não lhe impedem o curso. (…) Porém, em parte alguma de seu curso, existirá paisagem mais bela e mais impressionante do que aquela que fica a 3 km de Saboeiro, batizada pelo povo com o nome de Caldeirões. É que ali existem inúmeros buracos sobre as rochas sedimentares e provenientes da erosão, rochas formadas por outras preexistentes, desde o Arqueano. No inverno os Caldeirões vivem os seus momentos de maior imponência. O caudaloso rio vem deslizando mansamente, e, ao chegar aos Caldeirões, ora se precipita no grande aclive de rochas, ora se escoa por uma estreita garganta, ora ganha elevados rochedos enegrecidos, cantando as águas barrentas entre flocos de espuma, que flutuam ou se consomem, na voragem dos remansos. Os peixes se avolumam nos potes que as pedras formam aqui e ali, ou se elevam fora das águas violentas e precipitadas. (…)”
Em outra fonte, via Internet, encontramos mais uma influência dos Caldeirões à pessoa do Pe. Geraldo Slag: “Enólogo de carteirinha o Padre Geraldo tinha como hábito banhar-se nos caldeirões. Ocorre que o vinho que chegava da Holanda não durava muito a uma temperatura média de 39 a 40 graus. Foi então que o padre decidiu fazer a sua adega nas grotas do caldeirão. Lá descobriu que, se colocasse a uns 4 metros de profundidade o vinho ficaria conservado a 22 graus.”
O EXERCÍCIO DA CARIDADE
Pe. Geraldo Slag soube conquistar a estima de seus paroquianos pelo conjunto de sua ação missionária, em que se evidenciava, em elevado grau, a prática da “caridade”, mediante o auxílio, que nunca faltou, aos mais necessitados de sua Paróquia e região.
Caridade expressa, não apenas na doação de alimentos, roupas e remédios, mas até de moradias!
É sabido que, “no seu leito de morte, depois que não pôde mais rezar a missa, Padre Geraldo Slag fez a Dona Dorismar – paroquiana – seu último pedido: “Quero morrer aqui e ser enterrado aqui ao lado do meu povo. Por favor, nunca deixem as minhas crianças passarem fome e as obras da pastoral abandonadas. Essas pessoas precisam disso.”
Entregou sua alma ao Criador no dia 26 de fevereiro de 1999.
Saboeiro guarda-lhe, à espera da ressurreição da carne, os restos mortais.
Requiescat in pace!
(Por Osmar Lucena Filho – Paróquia de Piquet Carneiro)
Fontes de pesquisa/citações:
http://motoboymagazine.com.br/descobrindo-o-centro-sul-do-ceara/ (acesso em 30.07.2020)
Anuário da Diocese de Iguatu – 1973.
Pe Geraldo foi um cristão autêntico e genuino, de alma bondosa e gestos potentes. Nunca se viu por estas terras, alguém que colocasse a sua vida em doação ao outro. De origem nobre e cheia de bens materiais, escolheu viver entre os pobres e para os pobres. Tenho lembranças cheias de saudade e gratidão por esse grande missionário.
Pe Geraldo continua vivo entre nós, e esse texto bem retrata uma linda história que até hoje nos mostra tamanho amor e dedicação que ele sentia por esse povo tão sofrido. Nosso Pé Geraldo se eternizou nesse terra em meio a seu povo.
meu pai q nunca deixei de amar,sua alma pura e sincera , tenho muito orgulho de ter um pai igual a vc . padre Geraldo slag te amo e sempre te amarei.