Milhares de fiéis e peregrinos estiveram presentes na Praça São Pedro na manhã de céu azul e temperatura amena desta quarta-feira, para participar da Audiência Geral com o Papa Francisco. Na sua catequese, o Santo Padre voltou a meditar sobre a ‘Igreja como mãe’, que tem por modelo a Virgem Maria, ‘o modelo mais belo e alto que possa existir’. Ao dirigir-se aos peregrinos de língua portuguesa presentes na Praça, ao final do tradicional encontro, o Papa saudou a Família Franciscana do Brasil.
A maternidade da Igreja – disse o Papa – coloca-se em continuidade com a maternidade de Maria, como seu prolongamento na história. “A Igreja, na fecundidade do Espírito, continua a gerar novos filhos em Cristo, sempre na escuta da Palavra de Deus e na docilidade ao seu desígnio de amor”. Isto nos faz compreender quão profunda é a relação que une Maria à Igreja:
“Olhando Maria, descobrimos a face mais bela e terna da Igreja. Olhando para a Igreja, reconhecemos os traços sublimes de Maria. Mas nós, cristãos, não somos órfãos. Nós temos uma mãe. Temos mãe. E isto é grandioso! Não somos órfãos. A Igreja é mãe. Maria é mãe”.
A Igreja é nossa mãe, porque nos gerou no Batismo – disse o Santo Padre – e desde então faz-nos crescer na fé, indicando-nos, com a força da Palavra de Deus, o caminho da salvação. Neste serviço de evangelização, manifesta-se de modo peculiar a maternidade da Igreja, que aparece como uma mãe preocupada em dar aos seus filhos o alimento espiritual que nutre e faz frutificar a vida cristã. Por isso, todos somos chamados a acolher, de coração e mente abertos, a Palavra de Deus que a Igreja nos propõe cada dia, porque esta Palavra tem a força de nos transformar, de nos mudar por dentro e tornar a nossa humanidade palpitante de vida, não segundo a carne, mas segundo o Espírito:
“Somente a Palavra de Deus tem esta capacidade, de nos transformar no mais profundo. A Palavra de Deus tem este poder. E quem nos dá a Palavra de Deus? A Mãe Igreja. Nos amamenta desde pequenos com esta Palavra. Nos ensina toda a vida com esta palavra. E isto é grandioso. É justamente a Mãe Igreja, que com a Palavra de Deus, nos transforma por dentro”.
Iluminados pela luz do Evangelho e sustentados pela graça dos Sacramentos, especialmente a Eucaristia, podemos orientar para o bem as nossas opções de vida. A Igreja sabe – afirmou o Papa Francisco – com a coragem de uma mãe, defender os seus filhos dos perigos; para isso, exorta-os a estarem vigilantes contra o engano e a sedução de satanás:
“A Igreja tem a coragem de uma mãe que sabe ter o dever de defender os próprios filhos dos perigos que derivam da presença de satanás no mundo, para levá-los ao encontro com Jesus. Uma mãe sempre defende os seus filhos. Esta defesa consiste também em exortar à vigilância: vigiar contra o engano e a sedução do maligno. Porque mesmo que Deus tenha vencido satanás, ele sempre volta com as suas tentações, como um leão que ruge ao nosso redor, procurando nos devorar”.
A Igreja é uma mãe que tem a peito o bem dos seus filhos. Mas nunca devemos esquecer que a Igreja somos nós, todos os batizados:
“Não devemos esquecer que a Igreja somos todos nós, não somente os sacerdotes ou nós, bispos, mas somos todos. A Igreja somos todos nós. E todos somos filhos, mas também mães de outros cristãos. Todos os batizados, homens e mulheres juntos. Quantas vezes na nossa vida não damos testemunho desta maternidade da Igreja, desta coragem materna da Igreja!”.
O Papa concluiu, pedindo a Maria “que nos ensine a imitar a sua solicitude pelo bem dos nossos irmãos, com a capacidade sincera de acolher, perdoar e infundir coragem e esperança”.
Ao saudar os peregrinos de língua italiana, Francisco expressou “profunda preocupação pela grave situação que estão vivendo as famílias de Terni (ndr – Itália), em função dos projetos da empresa Thyssenkrupp”. E dirigiu um apelo para que “não prevaleça a lógica do lucro, mas o da solidariedade e da justiça”. E nas questões trabalhistas – reiterou – a pessoa e a sua dignidade “devem ocupar o primeiro lugar”.
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