DIOCESE DE IGUATU – MEMÓRIA
PELOS CAMINHOS DA HISTÓRIA
Pe. PEDRO AQUINO ROLIM
(*Cajazeiras – PB, 29.061930 + Fortaleza – CE, 2.05.2003)
O Pe. Pedro Aquino Rolim, rebento de tradicional família – que já dera à Igreja um Bispo: Dom Zacarias Rolim – nasceu em 29 de junho de 1930, em Cajazeiras, Paraíba, filho de Josué Franlim Rolim e Ernestina Gomes Rolim.
Sentindo-se vocacionado para o sacerdócio, matricula-se, em 1949, no Seminário Menor, na cidade de Limoeiro do Norte, para, em seguida, adentrar as portas do célebre e vetusto Seminário da Prainha, em Fortaleza.
Terminados os cursos superiores de Filosofia e Teologia, Pe. Pedro é ordenado presbítero, em cerimônia a que presidiu Dom Antônio de Almeida Lustosa, SDB, então metropolita de Fortaleza, no dia 2 de dezembro de 1962.
Em 1964 é designado, por Dom Aureliano Matos, na época, Bispo de Limoeiro do Norte, para reger a Paróquia de Morada Nova, no Ceará, permanecendo ali, por longos anos, isto é, de 1964 a 1989.
Ainda incardinado na Diocese de Limoeiro do Norte, Pe. Pedro daria assistência à Paróquia de Aracati.
No ano de 1991 é admitido no clero diocesano de Iguatu, quando, por decisão do bispo diocesano, Dom José Mauro, é nomeado Administrador Paroquial de Piquet Carneiro, tendo sido empossado no sobredito cargo em 26 de outubro de 1991. Permaneceria em terras piquet-carneirenses até 5 de março de 1994.
Novos encargos apostólicos aguardavam o Pe. Pedro Aquino naquele início de março de 1994, pois veio a tornar-se, como substituto do Pe. Sebastião Sá, pároco da Paróquia de Senhora Sant’Ana, em Iguatu.
Seu paroquiato em Sant’Ana (Iguatu) se prolongou até fevereiro de 1998, sendo sucedido pelo Pe. José Leirton Alencar Souza (+ 21.04.2011).
No mês de fevereiro de 1998, coube à Paróquia de Nossa Senhora da Glória, em Mombaça, dar as boas-vindas ao Pe. Pedro, acolhendo-o, então, como pároco.
Na carência em que, em fins da década de 1990, encontrava-se a Diocese de Iguatu, de ministros ordenados, eis que nosso biografado também reassume a função de administrador paroquial de Piquet Carneiro.
Exímio cronista, Pe. Pedro deixou no Livro de Tombo da Paróquia de Piquet Carneiro, importantes registros de seu paroquiato, alguns, inclusive, até de ordem social, como, por exemplo, a referência que ele faz à Seca de 1993, descrevendo, desta, o dantesco cenário, nestes impressionantes termos: “Oito de dezembro! Acabo de chegar da região de Irapuan Pinheiro, onde celebrei em Bananeiras, à tarde do dia 7, e encerrei a Festa da Imaculada, em Irapuan. Volto impressionado: de um lado, o fervor do povo que ainda acredita. Grande participação das comunidades vizinhas: Baixio, São Caetano, Retiro, Bom Princípio, Três Riachos etc; do outro lado, sente-se, no rosto do povo, o sofrimento, a fome, a sede, a angústia enfim. Quando se pergunta: ‘Como é que passam? a resposta é sempre’ estamos passando pelos milagres de Deus’. E é verdade! Há falta de tudo… Um senhor afirmava: ‘ Lá em casa somos oito pessoas, e todas passam com o ganho de Cr$ 3.000,00, por quinzena, da Emergência… ‘. O campo está virando um deserto! Para os animais já está faltando até mandacaru… Que coisa triste! O gado está começando a esmorecer, a cair de magro, de fome, de sede. É uma situação desoladora, e isso no apagar das luzes do século XX, o século da ciência, da técnica, da eletrônica… E ainda podemos perguntar: e os nossos governantes onde estão? Será que foi esta a primeira seca no Nordeste? Cada estiagem é sempre o mesmo problema: fome, falta d´água, emergência… Muitas famílias deixam suas casas: umas para a cidade; outras para o Sul, para o Norte, como verdadeiros nômades. Tudo isto está ocorrendo neste ano de 1993, a grande seca do século. Ó Virgem Maria, mãe de Deus, você que fez o Cristo, a pedido seu, fazer o milagre de Caná, peça a seu Filho Jesus, que tantas vezes exclamou ‘ Tenho piedade desta multidão’, que tenha piedade de multidões de famintos e sofridos nordestinos e cearenses, e faça o milagre de um bom inverno para 1994 que já se aproxima. Amém!” (Cf. Livro do Tombo – Tomo 1 – 1948/2006 – páginas 114v e 115.)
Pela fecundidade de seu apostolado, com múltiplas iniciativas na área social, não foi, pois, sem o devido merecimento, que o Pe. Pedro Aquino Rolim recebeu o epíteto de “Padre, Pastor e Profeta”.
Muitos de nós ainda, por certo, nos lembramos de seus eloquentes sermões, de sua potente voz, erguendo-se, alto e bom som, em socorro dos mais fracos e necessitados de nossa sociedade.
Para o Pe. Pedro, era fundamental a ligação da Fé com a Vida, na esteira da Doutrina Social da Igreja, tão explicitamente ensinada nas encíclicas dos mais recentes Papas: São João XXIII, São Paulo VI, São João Paulo II, Bento XVI e Francisco: “democracia com liberdade”; “liberdade com igualdade”, “igualdade com justiça social”.
Aos 73 anos de idade e 41 de sacerdócio, no dia 2 de maio de 2003 migrou o Pe. Pedro Aquino Rolim para junto do Sumo e Eterno Sacerdote, Nosso Senhor Jesus Cristo.
Paz à sua alma!
(Texto: Osmar Lucena Filho. Paróquia de Piquet Carneiro)
Um excelente texto, que faz alusão à uma grande figura sacerdotal!
Também nós aqui de Pedra Branca, tivemos a graça de Deus de, durante 51 anos, termos o pastoreio de um dedicado Sacerdote e Pai, Padre Geraldo Dantas Pereira; ele que, quase contemporâneo do Padre Pedro Aquino Rolim, foi também ordenado pelas mãos de Dom Antonio de Almeida Lustosa, tendo residido e estudado no Seminário da Prainha.
A propósito, Erisvaldo, escrevi, há pouco, sobre o grande Pe. Geraldo Dantas.
O texto, creio que brevemente, sairá aqui publicado.
Abraço.