Já em clima de propaganda eleitoral, convém recordar que não cabe à Igreja assumir papel político partidário. Se o fizesse, estaria influenciando o eleitor. Por isso, ela não indica candidatos. Somente, favorece a educação política e ao exercício da cidadania, através de sua Doutrina Social e dos Documentos da CNBB. Não é obrigada, mas pode realizar fóruns e entrevistas para que os candidatos apresentem suas propostas. Quando o faz, proporciona à população indecisa conhece-los afim de que vote com liberdade e consciência.
Segundo o papa Bento XVI, a Igreja “quer servir a formação da consciência na política e ajudar a crescer a percepção das verdadeiras exigências da justiça e, simultaneamente, a disponibilidade para agir com base nestas “ (In: ‘Deus caritas est.’ n. 28).
Para as próximas eleições municipais, os católicos estão sendo instruídos, como sempre se faz, ao voto consciente a incluir o conhecimento do candidato: se ele possui ficha limpa e o que realizou em mandatos anteriores. São critérios elementares.
Outros critérios são o projeto político do candidato e as propostas do seu partido. Se há a valorização e respeito à família, à educação, à saúde. Se há o empenho a favor da moradia, do saneamento, do transporte, da segurança. Se há a defesa do ecossistema e da vida humana em todos os estágios.
Uma das piores expressões de má política é a venda ou a troca de favores: votos por cimento e tijolos, cestas de alimentos, remédios, armação de óculos; e as promessas mirabolantes de transformar os espaços físicos e de melhorar a vida das comunidades carentes, sem dizer como. Estas atitudes nos recordam a crítica profética contra os exploradores que compravam o “indigente por um par de sandálias” (Amós, 8, 6).
Em relação à política partidária, indispensável no regime democrático, ela é da competência do laicato, não do clero. Disse Bento XVI: “O dever imediato de trabalhar por uma ordem justa na sociedade é próprio dos fiéis leigos, os quais, como cidadãos do Estado, são chamados a participar na vida pública” (op. cit., n. 29).
Quanto à participação do nosso laicato comprometido, a Lei Eleitoral não exige que os católicos candidatos se afastem das atividades paroquiais, comunitárias ou associativas, desde que não pratiquem atos de campanha ou peçam votos, explícita ou implicitamente.
Diante do escândalo da corrupção, necessitamos de eleger políticos honestos e comprometidos com o bem comum. Sobretudo, competentes. Em contrapartida, precisamos de educação para a cidadania sem a qual não há eleitores esclarecidos. Círculo virtuoso ou vicioso?
Pela situação atual do País, é urgente a necessidade de constante avaliação e de aperfeiçoamento das instituições democráticas. Seja como for, a próxima eleição renovará a possibilidade de dias melhores para o Brasil a partir dos municípios. Por isso, a população cumprirá seu dever, que também é exercício de um direito, comparecendo às urnas, festiva e ordeira. O sentimento de brasilidade e a oração pela Pátria hão de superar o pessimismo, o desânimo e o descrédito. Auguramos que não haja absenteísmo, mas participação nas urnas.