Há quase 300 anos atrás, quando os últimos índios Quixelôs habitavam a Missão da Telha, a imagem, em estilo barroco, de Senhora Sant’Ana, já era venerada pela população de Iguatu. Trata-se de ícone de valor estimativo a representar a memória histórica, tanto da cidade quanto da cultura local, ambas marcadas pela religiosidade popular católica.
A Paróquia Senhora Sant’Ana se prepara rumo ao tricentenário, em 2019, com eventos significativos. Em 2015, uma escultura foi inaugurada na Praça da Matriz. Atualmente, a Comunidade Paroquial se reúne para a celebração da missa votiva, nos dias 26, com a igreja repleta. Na ocasião, reza-se:
“Senhora Sant’ Ana, Padroeira de Iguatu, em quase 300 anos de devoção confiante e constante. Ó esposa fiel de São Joaquim. Ó venerável mãe de Maria Santíssima. Ó avó cuidadosa de nosso Senhor Jesus Cristo, o Salvador. Nós te agradecemos pela intercessão, tantas vezes reconhecida, a favor do teu povo, pois te escolheu como protetora junto de Cristo e venera tua imagem. Sabemos que nos ouve e atende, segundo a vontade de Deus. Por isso, nós pedimos renovadas bênçãos para nossas famílias, nossos avós, netos e netas. Ensina-nos a cuidar com carinho da pessoa idosa com muito respeito, amor, paciência e prontidão. Educa, tu que foste mestra de Maria, os nossos jovens a conviverem com os mais velhos com alegria. Senhora Sant’Ana, ora por nós e conosco. Cuida de nós, pois, te confiamos o seguinte pedido que nos preocupa (FAZER O PEDIDO). Nós te amamos, Senhora Sant’Ana, e somos gratos pelo teu valioso auxílio junto a Maria e a Jesus. Nós confiamos em ti, nós esperamos em ti. Amém”
Podemos supor a tristeza e a decepção do povo iguatuense quando a venerável imagem foi furtada por um farsante, em 1971, a ludibriar o vigário Padre José Landin. Felizmente, o salafrário foi preso, e a imagem recuperada, em Campinas, no Estado de São Paulo. Ela foi trazida para Fortaleza de avião. No aeroporto, acolhida por uma multidão festiva, tendo à frente o Bispo de Iguatu, Dom José Mauro, o Prefeito Erasmo e o Vigário Padre Landin. Conduzida da Capital por terra, ao chegar em Acopiara seguiu até Iguatu em carreata. No sítio Retiro, limite do Município de Iguatu, foi colocada em carro andor, conduzida em procissão com mais de 200 veículos. Por onde passava, a multidão acorreu para louvar a Senhora. Uma apoteose!
A imagem retornou para o lugar que nunca deveria ter saído. Na Praça, diante do templo, foram coroadas solenemente, a Senhora Sant’Ana e Maria Santíssima em seus braços. Após a missa campal, presidida por Dom José Mauro, a imagem foi reintroduzida na Matriz, então Catedral
Sabemos que toda imagem é apenas um símbolo, ícone, representação. Por isso, é preciso passar da figura à realidade. Neste sentido, ela remete-nos e também projeta ao mistério de Jesus Cristo, o Verbo que se fez carne. Mais ainda quando se trata da figura de Ana, sua Avó, com Maria, sua Mãe nos braços. Homenageia-se o Verbo divino humanado e no ambiente doméstico, familiar e cultural dos seus.
Pela humanidade de Jesus, assumida pela pessoa divina, em harmonia vital com seus familiares e parentes, entramos em comunhão com o mistério de Deus- Amor Trinitário.