No tempo quaresmal, os párocos e os demais sacerdotes se programam para atender os fiéis penitentes na Celebração do Sacramento da Penitência através do mutirão de confissões nos Zonais.
É louvável tal dedicação de nossos padres. Explica-se devido ao fato que a Quaresma é tempo propício para celebrar a reconciliação por meio do sacramento.
A motivação é paulina e pascal: “Purificai-vos do velho fermento para serdes nova massa, já que sois sem fermento. Pois nossa Páscoa, Cristo, foi imolado. Celebremos, portanto, a festa, não com o velho fermento, nem com o fermento de malícia e perversidade, mas com os pães ázimos: na pureza e na verdade” (1 Cor 5, 7-8).
A propósito, o Catecismo da Igreja Católica dá precisos e preciosos ensinamentos sobre o sacramento de cura, assim chamado para acentuar um dos efeitos do sacramento da penitência. Com efeito, Jesus uniu o perdão à cura pela eficácia da sua palavra: “Para que saibais que o Filho do Homem tem poder de perdoar pecados na terra, eu te ordeno –disse ele ao paralítico- levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa” (Mc 2, 10). De fato, o pecador, quando é perdoado, levanta-se com ânimo renovado para reconstruir sua vida. Está salvo, reabilitado e saudável.
Além de sacramento da cura, o Catecismo lembra-nos outros nomes significativos e belos que o caracterizam, em função dos efeitos que produz:
“Sacramento da Conversão, pois realiza sacramentalmente o convite de Jesus à conversão, o caminho de volta ao Pai, do qual a pessoa se afastou pelo pecado”. “ Sacramento da Penitência porque consagra um esforço pessoal e eclesial de conversão, de arrependimento e de satisfação do cristão pecador” (n. 1423);
“ Sacramento da Confissão porque a declaração, a confissão dos pecados diante do sacerdote é um elemento essencial desse sacramento. Num sentido profundo esse sacramento também é uma “confissão”, isto é, reconhecimento e louvor da santidade de Deus e de sua misericórdia para com o homem pecador”. “Sacramento do perdão porque pela absolvição sacramental do sacerdote, Deus concede “o perdão e a paz”. (n. 1424);
“Sacramento da Reconciliação porque dá ao pecador o amor de Deus que reconcilia: “Reconciliai-vos com Deus” (2 Cr 5, 20). Quem vive do amor misericordioso de Deus está pronto a responder ao apelo do Senhor: “Vai primeiro reconciliar-te com teu irmão” (Mt 5,24) ” (n. 1424).
Entretanto, o Catecismo não reduz a penitência cristã ao sacramento por mais importante que seja. Por isso, reconhece outras formas, tempos e dias. Recorda que ao longo do ano litúrgico, o tempo da Quaresma é um momento forte da prática penitencial. Cada sexta-feira do ano é dia penitencial em memória da morte do Senhor, prática pouco lembrada. O tempo quaresmal juntamente com as sextas-feiras são momentos apropriados aos exercícios espirituais, às liturgias penitenciais, às peregrinações em sinal de penitência, às privações voluntárias como o jejum e a esmola, a partilha fraterna (n. 1438).
Entende-se por que os sacerdotes estão mais disponíveis no tempo quaresmal ao atendimento das confissões. Compreende-se também porque aumenta o número dos que procuram confessar-se. Aos penitentes se aplicam a palavra apostólica: “Eis agora o tempo favorável por excelência. Eis agora o dia da salvação” (2 Cr 6,2).
Durante a Quaresma vivenciamos, de modo mais expressivo, a graça divina do amor misericordioso de Deus pela participação nos exercícios espirituais que a Igreja nos oferece. Eles dão conteúdo penitencial ao empenho pessoal de andar “de modo digno da vocação” (Ef 4, 1) recebida.