Datado desde 7 de setembro de 1822, o nascimento da Pátria Brasileira coincide com o grito do Ipiranga dado por Dom Pedro I. Entre fatos históricos e suas versões, mais importantes que o “grito”, nasceu a nova Nação no cenário mundial com território próprio, isto é, emancipado do Reino de Portugal. Eis a Independência. Há de ser comemorada enquanto ato fundacional.
Olha-se o passado para celebrar o presente com luzes e sombras a fim de preparar o futuro sem sonhos utópicos inatingíveis, mas com o princípio- responsabilidade bastante necessário, pois o amanhã depende de opções e de decisões feitas hoje por dirigentes e líderes e cada cidadão. A corresponsabilidade é de construir o que queremos entregar aos recém-nascidos e aos que virão.
Em 1822, iniciou-se o processo de nova história nas terras brasílicas, não mais colonizadas. Mantida a cruel escravidão, também permitiram outras formas de dependência externa na economia e na influência cultural. Em meio a ciclos econômicos e políticos, tivemos experiências significativas de construção e desconstrução. Império e República. Ditadura e Regime de Exceção. Democracia atual, ainda em aperfeiçoamento. Significa que obra de construção da civilização brasileira, da nacionalidade e da cidadania avança. Avança, aberta.
O Brasil continental, “gigante como a própria natureza”, tem o tempo maior, pois, já ultrapassa um século e meio. A caminho do segundo centenário, é hora de escolhas acertadas e de decisões adequadas. O Brasil não é mais adolescente. Urge, pois, a boa política sem populismo, sem clientelismo, sem sofismas, sem marqueteiros e sem as promessas que infantilizam o povo. Que nossos líderes rompam com os mecanismos que nos impossibilitam pensar, reorganizar, reconstruir o País! Que tornem viável a superação do “colonialismo mental” (Mangabeira Unger) pela via da priorização da educação! Que sejam responsáveis e não falastrões!
O Brasil que celebra o 7 de setembro de 2018 sabe e conhece possibilidades e probabilidades. Não é apenas o Brasil dos corruptos e dos que preferem levar vantagem. Não é apenas o Brasil das drogas, vícios e delinquências. É o Brasil do trabalho, do comércio, da indústria, da agricultura, da educação, da pesquisa, da ciência, da técnica e da informação ágil e até virtual e, sobretudo, da defesa. Brasileiros dão a vida e morrem para defender brasileiros.
O Brasil precisa de um novo grito de Independência para superar o gigantismo de suas contradições e reorganizar as instituições democráticas, a partir das urgências e necessidades de sua gente, a “brava gente brasileira”. Que sejam instituições justas e eficazes! O Brasil -povo e nação- merece respeito e equidade. Não aguenta mais tanta desigualdade de oportunidades.
Os graves problemas têm solução, desde que se inverta o “predomínio absoluto do interesse privado sobre o bem público” (Fábio Konder), desfaça o nó da concentração da renda e da exclusão social, detenha a corrupção de cima para baixo, realizem as políticas públicas na saúde, educação, segurança, saneamento, emprego, acabem com os privilégios de quem recebe auxílio-moradia, entre outros, sem precisar, e incrementem-se políticas sociais inclusivas.
Pelo anúncio e a vivência do Evangelho e a ação sócio e caritativa das Pastorais, a Igreja Católica tem sido um laboratório de esperança por todo o Brasil. Bem antes da Independência mesmo com as limitações do Padroado, atendeu as populações carentes mediante as Missões, as Irmandades e a rede de serviços: igrejas, colégios, casas de saúde, ambulatórios, dispensários e os cemitérios. O substrato católico da cultura brasileira ainda é a força vital para a reconciliação nacional, sem polarizações. Que Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, seja mestra de amor à Pátria, assinalada pela Santa Cruz de seu Filho. Cristo, Maria e a Igreja se encontram nos fundamentos, pois formaram o melhor da alma popular: a acolhida e a tolerância e a resistência.