Não há melhor qualificação para esta semana: ela é santa. Trata-se do tempo litúrgico no qual a Igreja acompanha os passos do nosso Redentor do sofrimento à glória. A Liturgia é rica e bela e as expressões devocionais são comoventes. Porém, uma coisa é assistir à encenação teatral da Paixão e morte do Senhor; outra, é de verdade acompanhar, na Liturgia e nas devoções, o itinerário de Jesus Cristo Salvador com fé e amor.
A primeira é recordação, não implica comprometimento vital e pode até ser um simples passatempo. A segunda é a celebração da fé pessoal e eclesial do acontecimento da redenção universal e a atualização dos seus frutos na nossa existência. De fato, a Liturgia atualiza, na memória viva dos crentes, os efeitos salutares da Páscoa do Senhor.
Em relação ao Cristo, Paulo nos estimula pelo seu testemunho em primeira pessoa de: “ficar em comunhão com os seus sofrimentos, tornando semelhante a ele na sua morte, para ver se alcanço a ressurreição dentre os mortos “ (Fil 3,10-11). Trata-se da conformidade mística e ética com Jesus desde os momentos conclusivos de sua existência terrena. Associamo-nos à sua cruz para participarmos de sua ressurreição e sua vida, já desde este mundo.
A proclamação do Evangelho de São Lucas, na celebração de Ramos e da Paixão, iluminará o início da semana. A multidão grita e louva com palmas na mão. Porém, para Jesus, Jerusalém será lugar do silêncio da morte e até do silêncio de Deus que não o livra (Lc 23, 35). Jesus rompe o próprio silêncio, antes de morrer, e conversa com o ladrão: “ainda hoje estarás comigo no paraíso” (v. 43). Grita um forte grito ao Pai, em oração de confiança: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (v. 46) e expira.
Vale para a morte na cruz o que valeria na entrada de Jerusalém a declaração do Mestre: “Se eles se calarem, as pedras gritarão” (Lc 19,40). Coube ao oficial do exército romano, dizer em primeiro lugar: “De fato! Este homem era justo! ” (Lc 23, 47). Caberá a nós, seguidores e imitadores do Mestre, dizer ao mundo e à história tais acontecimentos pelos quais Jesus garante nossa salvação. A cruz de Cristo evangeliza quando anunciamos sua morte e ressurreição.
Cabe-nos igualmente testemunhá-lo como Justo Sofredor cujo sacrifício nos resgata do pecado e da morte e do qual Deus dissera pelo profeta: “ Ele oferece sua vida como sacrifício do pecado… Meu servo, o justo, fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas” (Is 53,10-11). O próprio Jesus, na quinta-feira santa, deu o sentido sacrifical de sua morte e institui-lhe a memória eucarística: “Este é o meu sangue, o sangue da Aliança, que é derramado em favor de muitos para remissão dos pecados ” (Mt 26,28).
Quanto à Vigília Pascal já é a festa celebrada em vários tons e sons. Coroa a Semana Santa. Após a Liturgia da Luz, a Igreja celebra a Liturgia da Palavra, recordando as maravilhas da criação, a libertação do êxodo e a promessa messiânica. Segue-se a Liturgia Batismal com a bênção da água e a renovação das promessas batismais. Enfim, tudo culmina na Liturgia Eucarística, encontro com o Vivente no mistério da sua presença. Ele, causa de nossa alegria.
Na Santa Vigília, faremos o itinerário das mulheres, Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago, entre outras que estavam com elas. Ir ao túmulo, levando perfumes, prova de amor. Voltar para anunciar a notícia aos apóstolos a respeito do túmulo vazio com o anúncio do anjo: “Ele não está aqui”. Ressuscitou! ” (Lc 24,6), dois momentos de um trajeto espiritual.
COM AMOR, PARTICIPEMOS DO TRÍDUO PASCAL DA PAIXÃO E RESSURREIÇÃO DO SENHOR!
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As “catequeses” de Dom Edson, nosso Bispo, aqui publicadas, não apenas pela forma eloquente com que são textualmente produzidas, mas, sobremaneira, pela rica abordagem temática de que estão estes revestidas, bem que merecem “saltar”, da tela do computador, para as páginas de um livro…
Osmar Lucena Filho
Paróquia do SC de Jesus
Piquet Carneiro